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terça-feira, 21 de janeiro de 2014

"É mágoa! Já vou dizendo de antemão..."

Um dia eu vi um jornalista escrever que o Rio era a Paris dele. Aceito! Acho que a comparação foi sensacional!
Um milhão de escritores já escreveu suas comparações entre Rio e São Paulo, as capitais, apenas elas. Também já abusei de minha fatia e neste mesmo blog já fiz muito disso. O Brasil é assunto, suas duas maiores capitais têm que ser também, é a consequência natural.

Paulistana, eu também fui apaixonada e já odiei, gratuitamente, o Rio de Janeiro e, mais precisamente, os cariocas. Antes de ir morar pelo Rio e ser apelidada de “paulistoca”, já que agora estou meio que na metade do caminho. Desconheço São Paulo e começo a entender melhor o Rio, 6 anos depois de ter me mudado de um para outro.

Antes, contudo, durante 28 anos de vida em São Paulo, não fiquei fora de frequentar o Rio com maior ou menor intensidade. Comecei a fazer isso em meados de 1997.  Era preconceituosa! Não conhecia essa terra que me abriga, mas não me privava de afirmar que não gostava dela. Para ouvir merecidamente que fui preconceituosa porque amei quando comecei a frequentar, como visitante. Minha curtição era arrumar um feriado prolongado e me despencar para um Rio de Janeiro onde eu era muito bem tratada!

Mas vou voltar ao jornalista que escreveu “da Paris dele”. Perfeito! Paris também é uma cidade lindíssima, ótima para passar tempo livre! Tente conviver como estrangeiro legal e trabalhar com os parisienses e depois conversamos a respeito. Assim é, na minha “paulistoca” ou paulistana cabeça, o Rio de Janeiro. Paris caiu muito bem como comparativo.

A Zona Sul e alguns pontos da Zona Oeste (praia! Barra da Tijuca, Recreio e área da reserva. Só!), além do Parque da Floresta da Tijuca, que abrange sul e norte com sua imensidão de mata atlântica, são realmente lindíssimos! Claro que não existe Zona Leste no Rio de Janeiro, pois ao leste temos água. E mar é bonito até cheio de óleo. Mas o “grosso” de atrações turísticas e locais que o pessoal gosta de fotografar e transformar em cartão postal, está mesmo fincado na Zona Sul do Rio. Assim como estão os turistas. Nunca encontrei turista estrangeiro na Avenida Brasil na altura da Penha, por exemplo. Também nunca vi carioca conseguir chamar aquilo de bonito e transformar em cartão postal com “cidade maravilhosa” embaixo. Mas toda cidade que visitei no mundo me pareceu ser assim.

Mas aí entra mais ou menos o que eu acho duma idiotice sem tamanho: conheço um sem número de moradores, nascidos e criados, da baixada fluminense que se intitulam “cariocas”. Começa, então, meu problema com as aulas de geografia do ensino fundamental: carioca não é o cara da capital? O natural do município do Rio de Janeiro? Por mais perto que Duque de Caxias se encontre, é outro município, ainda! E ali não tem que intitular as pessoas como “fluminenses”, em alusão ao Estado? Era assim, pelo menos antigamente! Mas eu encontro uma série de cariocas por aqui oriundos de Macaé, Campos, Queimados, Nova Iguaçu...

E na “Paris brasileira”, o tratamento ao “estrangeiro” é bem parecido com aquele oferecido na Paris francesa, mesmo: enquanto TURISTA, você é bem vindo e ouvirá falar das maravilhas locais e do quanto gostam de ter você por aqui. Naturalize-se e venha competir com eles no mercado de trabalho ou das ideias, e você deixará de ser bem vindo bem rápido!

Volto ao assunto porque num dia desses mais uma amiga paulistana saiu daqui horrorizada. Com quem? É, leitor! O problema, dessa vez, não era desconhecido de Rede Social, não! Eram os meus AMIGOS. Extremamente sem graça e desconfortável, minha tímida e educada amiga paulistana se viu obrigada a me pedir para não mais juntá-la com aquela turma, porque foi muita grosseria e ignorância para poucas horas.

E foi! Ignorâncias e grosserias com as quais EU, depois de 6 anos de residência, não me incomodo mais e não preciso mais ir chorando para o colo da psicóloga para tratar. Mas não tem outro termo para definir, não! Vocês se acham engraçados? Nós os achamos hostis! E não são vocês os grandes arautos do “não temos preconceito”? O que vocês fizeram com ela no domingo foi o quê? Cafuné? Eu podia defender? JAMAIS! Se eu saio em defesa dela, é contra mim que vocês se voltam e transformam a minha vida num inferno bairrista!

Eis que eu, a “pregadora da honestidade”, sou obrigada a confessar que hoje tenho amigos que me estranham por conta do meu sotaque. Segundo eles, eu “carioquei”. Segundo meus próprios ouvidos também! Porque eu acho mais bonito ser carioca do que ser paulista ou paulistano? Não! Porque eu fui exposta a uma disputa eleitoral em 2012 e fui instruída, isso mesmo, instruída a disfarçar e mentir a minha real origem, em função da rejeição absurda por uma candidata a qualquer coisa com um “paulistês” acentuado! Eu não podia ser candidata a vereadora sendo tão paulistana! Eu não posso ser candidata a NADA que dependa de carisma nessa cidade com meu sotaque original. E sim, eu já ouvi uma quantidade muito grande de impropérios apenas por conta dum “r” diferente no fim de uma palavra!

Minha pele também não é mais a mesma. Fui “gasparzinho”, “lagartixa”, “bicho de goiaba”, “folha de impressora”, em função do excesso de brancura durante muito tempo. Para me adaptar à terra que me abriga, até a cor da pele eu mudei para diminuir o desconforto. Sim, é desconfortável ser tratada como “estranha” ou “forasteira” invasora antes mesmo de expressar  qualquer opinião, apenas porque sua pele é um pouco mais clara ou escura que a da maioria.

Hoje eu tenho amigos cariocas? Sempre tive! Ser carioca não é falha de caráter e claro que não são todos a me tratar mal gratuitamente em função de minha origem! Meu próprio marido teve coragem de me amar e se casar comigo, com sotaque de paulistana “da goma” e tudo! Meu melhor amigo é um carioca! Tenho outros amores muito amados por aqui. E generalizar alguma coisa nunca vai dar certo nessa vida, mas este post é todo “geral”, não se doam individualmente porque eu não tenho condição de escrever pessoalmente.

Bulliyng, né? Está na moda! Não se pode mais praticar! Hum...certo! Mas vocês acham que bullying é diferente disso que vocês fizeram no domingo e fazem comigo frequentemente? Agredir dizendo que são melhores em tudo sempre que escutam que alguém é paulistano e vocês PODEM acabar com a alma daquela pessoa, tentando convencê-la de que a cidade que onde ela vive, trabalha, ama e sofre, só tem gente ruim e aspectos ruins? É! Bullying é pouco, mesmo! Vocês deveriam ter esse tipo de conduta descrita direto no Código Penal, mesmo, como tortura psicológica! Porque só eu paguei mais de dois anos de terapia para conseguir sair na rua sem chorar! Vocês foram, inclusive, covardes! Porque estavam e sempre estão em franca maioria e não nos dão a chance para qualquer resposta! Tampouco para debate educado, porque admita carioca, que você não está nem aí para o nível de educação quando você se senta na mesa do bar!

Sim, o paulistano é chato! É, sim! O paulistano não vai aturar a completa falta de educação daquele garçom que esqueceu que precisa do cliente para ganhar o salário dele e trata MAL ao cliente porque ele acha que só a presença dele já é um presente de Deus para a humanidade! Sim, aquele garçonzinho “espetaculoso” que fica fazendo biquinhos e mais biquinhos e olhando de cara feia para os clientes, esbarrando de cara feia em cliente, além de atender mal, morreria de fome na cruel São Paulo! Porque em São Paulo é o cachorro que abana o rabo, e não o contrário! E não, eu não estou praticando “apartheid social” como vocês estão gostando de dizer nos últimos 2 anos. Eu estou apenas mostrando o óbvio, porque quando você vai a Paris, carioca, você não quer um abusadinho parisiense rosnando gratuitamente para você quando você é apenas um cliente consumidor que garante o ganha pão dele! Se o francesinho fizer esse tipo de coisinha com você, carioquinha querido, você vai voltar de viagem PUTO!

Também recentemente, escuto do amigo carioca que os garçons do Rio de Janeiro são ridículos! Que se acham onipotentes e realmente servem mal! Exceções à parte, concordo de novo! E quanto menos nordestino e mais natural do Rio o garçom for, pior será o tratamento oferecido ao cliente. Acham-se deuses sagrados apenas por terem nascido numa cidade bonita. SÓ! Vinicius de Moraes fez um mal imenso às cabeças de vocês, que fazem questão de esquecer que ele era um vagabundo bêbado que não tinha um pingo de respeito por mulher.

E é isso, carioca, que você tem de “melhor” do que o resto do Brasil: vista pro mar! Sua cidade está caótica, seus serviços absolutamente não funcionam, sua gente está violenta, seus transportes públicos estão precários, sua segurança pública não existe e você está perdendo o seu turista também. Sabe por que? Porque Cristo Redentor, Pão de Açúcar e praia fedorenta não sustentam ninguém! Você vive de turismo mas não é capaz de fazer um cursinho de inglês básico! Só que você esqueceu que não é mais capital do país há muito e também esqueceu que não vivemos mais na monarquia portuguesa. E eu ganho de vocês onde? Na hora de ser contratada! Porque até vocês são obrigados a admitir que eu sou boa nisso: trabalhar! Sério que você acha isso bonito? Deixar o trabalho duro para o resto do país porque você tem necessidade de curtir sua Natureza querida? Acha justo?

São Paulo, por sua vez, é uma grande terra de filhos da p...piii! Sim, é! O mercado de trabalho paulistano é cruel, extremamente segregador, excessivamente técnico e bem pouco HUMANO. O modelo ali também não é o melhor dos mundos nem passa perto disso. Cansei de ver colega de trabalho com planilha de Excel aberta sem preencher uma célula com dados, apenas para mostrar ao chefe que gostava de fazer hora extra não remunerada. Cansei de ver! Cansei de sofrer preconceito e represália porque eu era chegada num chopp pós expediente. Se eu deixava “rabo”? Trabalho por fazer? Não! Nunca deixei! Mas São Paulo constrói “panelas” e se você entrar numa panela de gente que não é fã do choppinho ou do mesmo bar que você escolheu para tomar o seu, correrás o risco de ser demitido por isso. Licença médica? Precise de três no mesmo ano e você também será demitido. São Paulo não te dá espaço nem para adoecer, embora a cidade favoreça bastante a criação de uma série de doenças que você nem imaginava que podia ter. Mas se for para faltar ao trabalho, melhor que sua doença seja bem grave e você esteja absurdamente mal, caso contrário, vais cavar sua demissão. Se morrer parente também não pode chorar por mais que 10 minutos.

O paulistano também não é dos mais sensíveis e solidários. Uma amiga paulistana reclamou, certa vez, que um sujeito teve uma convulsão dentro de um ônibus metropolitano e foi pisoteado pelos passageiros que queriam saltar em seus pontos. Não duvido nem um pouco! O paulistano geralmente está tão focado no próprio sapato e relógio que nem vê se EXISTE próximo! Quanto mais pensar em ajudar! Aqui, se um trombadinha te leva os pertences, o morador vai, sem polícia, ele mesmo e sozinho, pegar o trombadinha para você ter seus bens de volta. Em São Paulo? Duvido MUITO que um negócio desse aconteça!

Do céu daqui ou do inferno de lá, eu, que “pulei a cerca à prova de coelho”, posso dizer que nenhum dos dois modelos me serve. Hoje amo poeticamente a “minha São Paulo” porque os primeiros 28 anos (quase 29) de minha vida foram vividos lá e hoje eu tenho até um olhar poético até sobre os piores defeitos. Saudade faz isso com a gente. Mas não posso negar a crueldade da vida paulistana nem dizer que a cidade está tomada de romantismo. Entretanto, também não carrego um pingo de orgulho associado ao Rio de Janeiro.

Aqui, na terra do “não preconceito” é onde eu venho sofrendo mais dos piores. Depois de ser discriminada pelo sotaque, também já fui condenada por ser caucasiana, por ser mulher, por ser hétero, por morar na Zona Sul (terra de rico, embora haja favela, ou comunidade, também na Zona Sul) principalmente e com mais crueldade pelo viés político e frequentemente por ser “escrota”. Se eu não visto a roupinha de “miss simpatia” todo santo dia antes de levantar da cama e, em vez disso, apenas me limito a ser uma introspectiva e reservada cidadã parecida com um modelo de outro lugar, sem ficar discursando coisinhas engraçadas para cada pessoa que se dispuser a trocar uma palavra comigo, serei hostilizada. Fui hostilizada. Isso não é gostoso e eu achei a minha defesa: fingir ser “menos paulistana” ou coisa parecida.

Gostaria que você repensasse, carioca,  o seu comportamento de domingo. Coloque-se no lugar da menina mais nova, tímida, reservada, chegando à mesa sem conhecer a maioria das pessoas ali, sem ofender a ninguém, toda educada e cheia de boas intenções, e veja se você gostaria de estar no lugar dela! Por mais “maneiro” que você PENSE que foi!
Brincadeira de verdade não tem competição babaca. Brincadeira de verdade não desmerece o que o outro ama. Brincadeira de verdade é sem ofensa! Você estava realmente brincando com ela, Rio de Janeiro?

Não, você não estava e não está brincando! Você gosta de brincar com outras coisas, mas o paulistano você odeia de verdade! E eu vou encher a boca pra expressar a minha sincera opinião agora: odeia porque inveja! Do caos que ainda tem organização, da cidade que não pára para nada, do Estado rico, da chuva que cai em quase todos os dias do ano mas não mata ninguém, não alaga a cidade inteira em cinco minutos e não tira pedaço da mão do Cristo Redentor. Do “dá licennnça” que você se cansa de citar em tom de deboche, mas não sabe usar! Da resistência a tudo e qualquer coisa que um paulistano tem que ter para sobreviver!

Você é maneiro e gentil no discurso, carioca. Mas é uma mulher traída na hora de tratar seus vizinhos! Aquela mulher que enxerga em todas as outras mulheres uma inimiga e em todos os homens um canalha.

Quando você vai sozinho até a mesa do bar, carioca, por mais que seu “s” seja substituído por “x” e por mais que você modifique um “r” no seu característico sotaque consequente da maioria portuguesa, você não vai ser hostilizado e mal tratado como fez com minha jovem amiga. A você ainda será permitido que fale, muito, muito mal de São Paulo. Você vai ser considerado um chato, depois, mas ninguém vai te causar metade do desconforto que nos é causado aqui gratuitamente.

Porque você é engraçadinho e o paulistano é chato, carioca? Também! Mas também porque nossa Educação foi dada para aceitar que as cidades são construídas e mantidas por todos, venham eles de onde vierem, e que nós, habitantes ou ex de São Paulo, dependemos de todo mundo para o funcionamento de nossas próprias vidas. Mas você me disse que quer pão e não educação, carioca.

Gratuitamente, vai me fazer chorar de desgosto e mágoa até quando, “cidade maravilhosa”?

Educadamente,


Filhinha de Papai

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Mereço? Posso? Quem merece pode?

“Dinheiro não traz felicidade”, “mas manda comprar”.
Concordo com ambas, discordo de ambas.

“Filhinha de Papai”, de novo, é o apelido que gente preconceituosa me atribuiu várias vezes. Eles com a intenção de agredir. Assumo de bom grado porque tive pai, pelo menos até os primeiros 20 anos de minha vida. Hoje ele não habita mais o planeta Terra e eu não posso mais sentir conforto em seus tranquilos olhinhos azuis, mas não deixei de ser a filhinha do meu papai! Continuo sendo filhinha de minha mamãe e também filhinha do meu irmão mais velho, que sempre foi mais que irmão! Sou filhinha de uma mãe que também não é minha biologicamente, mas que escolheu me fazer filhinha dela também. E como qualquer criança, fui bem amada, mal amada, tive dores, mágoas, doenças...tive família, também! Mas nem sempre quem não tem família deixa de ter família! Família também se cria!

Também fui classe baixa, classe média, classe alta, classe baixa de novo, classe média...não conheço pela minha vivência apenas uma condição: riqueza extrema! Por essa eu não circulei como participante. A esta eu só assisti curiosa, e também acabei percebendo como funciona.

Mas eu não tinha inveja da minha amiguinha cujos pais ganhavam mais dinheiro que os meus e ela podia ter um “walk machine”. Em vez de ficar pensando que a Vanessa era melhor que eu, eu sabia que era apenas uma questão de capitalismo natural. Também nunca me peguei pensando que eu MERECIA o mesmo que ela, então alguém teria que dar um jeito de me dar um “walk machine” também, porque eu era uma criança legal e merecia aquilo! Eu sabia que merecia TUDO nessa vida! Mas que essa vida é capitalista até mesmo antes da criação de moeda (bens para escambo também eram “capital”), então, merecimento meu e condição financeira dos responsáveis por mim eram questões separadas. Bem separadas!
Tudo isso porque eu tive educação? Nem tanto! Esclarecimento dos meus pais e demais adultos em volta era fundamental, claro, mas era só parar para raciocinar! Criancinha, mesmo! Criança raciocina bem! Adulto que esquece disso assim que cresce!

E se o patinete motorizado da Vanessa não estivesse disponível para mim, eu tinha livros! Eu tinha bonecas (a Barbie faltou várias vezes, e daí?). Eu tinha o gato preso na árvore para tentar salvar. Na década de 80 e início de 90, eu tinha condição financeira também para um eventual pão com mortadela (presunto era mais caro! Mortadela dava!) e tubaína! E até hoje eu posso me fartar facilmente com pão com mortadela e tubaína, mas eu tenho pavor profundo de caviar! E nem gosto das comidas mais caras do mundo, não. Cultura? Nem tanto! Também não sou tão chegada a mortadela, mais.
Também usei transporte público. Muito! Até os 8 anos, acompanhada de um maior que eu (nem sempre mais velho do que 18 anos. Uma criança de 12 podia acompanhar uma de 8). Depois, sozinha. Mamãe trabalhava por pelo menos 40 horas semanais. Papai também. Os irmãos, aos 11, também foram para o mercado de trabalho. Eu cheguei ao mercado de trabalho aos 14 anos, devidamente registrada dentro das regras da antiga CLT.

Escola? Tinha! Sempre teve! Nem sempre por perto. Era comum ter que ficar uma hora dentro do ônibus coletivo para chegar para estudar. Não tem vaga no bairro? Faz parte! Vamos para outra escola, onde haja a vaga!

Só que no meio disso tudo aí, meu cabelo é liso, meio louro enquanto criancinha, ainda castanho claro depois de adulta, quando me faço loura com o auxílio da química disponível. Tenho traços pequenos no rosto, tipo “boquinha”, “olhinho”, “narizinho”...portanto?
Portanto virei “filhinha de papai”! No sentido pejorativo, porque hoje pejorativo é palavra de ordem no Brasil! O Brasil se agride se elogiando, atualmente! Agride o igual, agride o diferente, agride porque está agredido!

Criança não pode mais chorar de frustração! Adolescente virou adulto mas tem que ser tratado como criança carente. Carente de quê, pergunto? Amor tem por aí! Pode não ter em casa, mas amor tem aos montes, espalhado por aí!

Depois dos 30 anos, escutei algumas vezes, de algumas pessoas a seguinte máxima “você é uma sobrevivente!”. Acho que sim, afinal, estou viva! Então, sobrevivi mesmo!
Não são TODOS aqui, sobreviventes? Assim que você acordou para um novo dia, pronto! Sobreviveu! A quê? Só VOCÊ sabe!

Então a professora fofa de Língua Portuguesa enche seus olhinhos de lágrimas e afirma “Vocês não são suas notas! Vocês são mais que isso!”, depois completa “vocês são vítimas do sistema!”.
Continuo achando a senhora uma fofa, professora, mas se estamos todos no mesmo “sistema”, a senhora também não é vítima? Porque a senhora mora num local bonito e tem dinheiro para pagar um luxo ou outro, o sistema deixa de agredi-la?

O sistema é o mesmo para todos! Estamos separados nele por nossas próprias crenças, mas ele é comum. E o possível escravo chinês está inserido no mesmo sistema que eu, a “livre” Filhinha de Papai brasileira! Ele também mora no planeta Terra!
Mas agora no Brasil é um tal de “eu mereço”, “aquele merece”...merece, merece, merece...Tá! E por isso é OBRIGADO a obter?

Tem que distribuir a renda! Tem? Tem mesmo? Alguém conhece alguém que tenha estudado muito durante muitos anos, trabalhado muito durante um bom tempo e esteja sem renda? Pode estar, porque tem também quem faça tudo isso e coloque filho no mundo mais rápido que coelho! E para ter 6 filhos no mundo, hoje em dia, tem que ter 6 fontes de renda, mesmo! Ah! Mas 6 empregos de 40 horas semanais ninguém aguenta, né? Então, que tal parar de reclamar que você tá pobre por causa do governo e dar uma olhadinha para o lado e avaliar se você tinha o direito de botar um time de futebol no planeta? E a carga tributária que a renda paga? Ah! Quando você se sente mais pobre que o vizinho você imediatamente esquece que ele paga mais imposto que você por isso! Seu lance é enfiar o dedo na cara dele porque ele "merece" seu dedo!

O governo sempre foi corrupto! O ser humano é corrupto! Corrompe-se assim que aprende a falar! Se criança sabe manipular adulto, por que acreditar que somos todos puros e bons? Somos todos interesseiros! Do cachorro que tem interesse em comer, ao humano que tem interesse em PODER!

Agora, por que cargas d´água as crianças de hoje são melhores que as de ontem e “merecem” e só merecem mais e mais e mais...
Só não se merece mais passar por uma dificuldade nessa vida? Aí é culpa do governo? Do tal do "sistema"?

Desde 1988, no mínimo, a culpa te ter o governo que MERECE é SUA, brasileiro como eu! Seja você mais, menos, igual ou qualquer coisa de humano!


Cansada de merecimento,

Filhinha de Papai

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Perdoa, mãe?

Mãe, me perdoa, mas eu não quero mais voltar!

Mãe, por favor, compreenda que não se trata, absolutamente, de falta de amor por você, pelos meus irmãos lindos que você me deu, pela nossa família que é divina...não, mãe! Eu juro que não é falta de amor! Eu também sei que um dia eu tentei ir embora, me arrependi e foi lindo demais encontrar vocês na volta de faixa e flores nos braços, os sorrisos felizes e os corações para me oferecer! Eu nunca vou esquecer de tudo isso e eu sempre vou sentir falta de vocês todos os dias!

Mas mãe, me perdoa por não conseguir mais! Eu sei que você não queria isso para mim! Você me criou para aguentar, avisando inclusive que a vida não ia ser um passeio no parque o tempo todo. Eu estava e estou preparada para aguentar, sim! Mas você também me criou para enfrentar o mundo todo, e do todo do mundo que eu conheci, eu sempre quis voltar. Qualquer mundo que eu conhecesse não poderia ser melhor que a minha pátria, que a cultura que eu absorvi com sede, que o carinho e amor que sempre encontrei por aqui. Nada podia ser mais agradável que isso. O mundo tinha benefícios a oferecer, mas o resto do mundo não me oferecia uma pátria minha! Você me ensinou, também, sobre esse apego à pátria.

Perdoa, mãe, por favor, porque para odiar o meu país você não me criou! Você brigou com o colégio porque eu fiquei doente naquele dia daquela prova de Educação Moral e Cívica, mas eu me lembro bem que foi a única vez em que você interviu, porque eu realmente estava muito mal da saúde e aquele professor foi meio maluco, mesmo, não deixando a criança doente ser avaliada em outra data (e eu adorava "EMC", porque você disfarçou bem sua contrariedade naquela ocasião)! Entretanto, não é possível não lembrar das vezes em que você não interviu, porque você me criou para RESPEITAR, às vezes amar e só questionar depois de MUITA reflexão , meus reais educadores! Lembro-me com facilidade que se eu tive percalços durante minha educação formal, exceto esse episódio com aquele professor, a culpa foi minha, e se eu criei o percalço, eu tenho que saber resolver e não gritar por seu colinho clamando que desautorize o educador para defender minha irresponsabilidade, negligência, omissão ou incompreensão! Difícil esquecer tudo isso!

E agora, mãe? Se nem você, sábia e serena depois de uma vida de luta árdua, consegue olhar para essa nação sem se revoltar por tanto potencial desperdiçado? Se nem você consegue mais dizer que “vai dar tudo certo no fim” ou que o pior tem limites, sim? E agora, mãe, depois de você ter me ensinado “filha, pense, antes de se desesperar, no quê de pior pode acontecer em função dessa situação. Você vai ver que o pior não é tão ruim assim e você consegue suportar até resolvermos”, eu ter aprendido e agora não conseguir mais saber nem qual o fim do pior de cada situação?

Agora eu peço perdão, mãe, porque eu parei de sorrir na volta! Peço perdão por estar fraca, covarde, mas não ter mais capacidade de amar esse lugar que você me disse que eu tinha que amar e eu amei tanto por tanto tempo!
Eu prometo que não joguei fora o que você me ensinou. Prometo que vou continuar mantendo o respeito porque isso eu não posso perder de maneira alguma! Pelo todo, pelos outros (por piores que me pareçam), pelo planeta, porque eu gosto bastante de respeito! Obrigada por isso, mãe! Eu gosto de gostar de respeito!

Gosto de respeito, mãe! Gosto muito! Não sei mais o que fazer com tanta falta dele por aí!
Não sei mais dormir tão pouco porque minhas tarefas obrigatórias se acumulam não necessariamente por culpa minha. Não canto uma música inteira fora do meu carro há três anos. Há um ano exato não consigo mais nem tirar meu violão novo da capa para tentar tirar uma nota. Não tenho mais a ânsia de ver tantos amigos maravilhosos que você tanto gosta que gostem de mim, rir com eles e distrair um pouco a mente, porque estou cansada demais para pensar em algo além de descanso físico e não mental. Não sei mais colocar um sorriso no rosto no lugar do fatalismo, para continuar agradecendo pelo que tenho e não lamentar pelo que me falta, porque falta muito mais a tantos outros. Não consigo mais fugir da indignação constante e disfarçar minha revolta diante de tanta falta de valor sólido, porque diluíram o que eu achava que era sólido e solidificaram aquilo que achávamos que fosse efêmero!

Eu sei que nossa casa, no âmbito de “Os três Porquinhos” era aquela de tijolos, que o lobo ia tentar derrubar soprando e não ia ser bem sucedido. Mas, mãe, eu te peço perdão porque nos últimos vinte anos, a sociedade que conhecemos esqueceu que “o lobo sopra” e que a casa tem que “ser de tijolos” para estarmos bem protegidos. Perceberam que é mais fácil ser lobo e ganhar no sopro, do que ser porquinho trabalhador e levantar a casa com tijolos. Eu ainda gosto de levantar a casa de tijolos, mas essa sociedade se convenceu de que correto é aquele lobo, e vilão é aquele porquinho! E eu não fui, absolutamente, preparada para isso!

Mãe, perdoa porque eu não consigo ir para sempre e te levar comigo. Ainda menos para aquele local onde cada flor desconhecida e colorida me levava de volta a você por um pensamento. Só consigo ir eventualmente e voltar com saudade de você e dos meus demais amores humanos. Não consigo voltar mais sorrindo.

Perdoa, mãe? Perdoa porque agora eu só sorrio quando penso em ir, e volto a chorar e me desesperar quando percebo que ainda sou obrigada a voltar? Perdoa sabendo que o amor de vocês é sempre uma lágrima a menos nessa volta, mas que a cada volta eu tenha mais lágrimas para chorar? E quando eu parar de conseguir ir, porque isso vai acontecer em breve e você sabe, perdoa porque eu vou chorar querendo ir?
Perdoa, porque eu vou  amar a você para sempre, mãe, mas não sei e não consigo mais amar esse Brasil a ponto de ter coragem, como você me ensinou, de ficar com esperança e lutando pela melhora para tantos?

Você também me falou sempre sobre os benefícios do perdão, mãe! Obrigada! Então, espero que você, sempre maior que eu, consiga perdoar o fato de eu não conseguir mais perdoar essa sociedade!

Perdoa, mãe?

Dolorida de fuga,


Filhinha de Papai (e de mamãe)

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Quem é elite, mesmo, "cara-pálida"?



Esquerda? Direita? Centro? Poder populista? Poder elitista? Progresso? Retrocesso? Bom para quem? .....

Tanta pergunta que parece extremamente útil, mas que na prática acaba se perdendo entre “ideal ou prática”.
Mesmo assim, ainda tem coisas no meio dessas perguntas todas que é mais fácil de explicar. Vamos sempre tentar começar por elas, então.

A sensacional e politizada amiga me pergunta hoje, logo nas primeiras horas da manhã, se o PSDB gosta tanto assim de “dar tiros no próprio pé”. Segundo ela, a peça de marketing televisivo gravada por Aécio Neves, o mais provável candidato à presidência da República nas eleições de 2014 por aquele que é, ou era para ser, o maior partido da oposição atual, é completamente “elitista”. Pergunta ela, então, se o PSDB não “aprendeu que tem que falar para o povão, e não para a elite?”. Hum...não sei bem, eu, se o PSDB precisa aprender ESSA lição exatamente, se quiser retomar os cargos executivos que perdeu.

Em primeiro lugar, eu gostaria de questionar o atual conceito de “elite”. O conceito continua o mesmo que conhecemos desde os primeiros livros de História da humanidade de que temos ciência. Na prática, entretanto, o que foi que virou “elite”?

“Povão assiste Globo! Assiste novela! Engole propaganda no horário nobre televisivo nacional...”...será?

Olhando de perto, não me parece tão simples assim. Mesmo que o que eu escrevi entre aspas, aí em cima, seja totalmente verdadeiro, é preciso ir um pouco mais longe, sim! Simples: onde a novela aparece, que seja a novela “global” sempre citada primeiro, aparece junto o mesmo tipo de “intervalo comercial”? Aquele momento entre a interrupção de um seguimento da novela sendo exibido pela transmissora, e o início da transmissão do seguimento seguinte, onde geralmente vemos o que chamamos de “comerciais”? É IGUAL para todos os locais, como é a novela? Não, senhores! Isso é Brasil, e cada um recebe sinal televisivo de um jeito, ainda...
O brasileiro não sabe, então, como assiste à televisão, esse tal de “povão”? Se estão se referindo realmente às classes menos privilegiadas financeiramente, é possível prever que essa classe realmente vá assistir a algo comum, no citado intervalo comercial, se estes dependem diretamente da transmissão? E se existe uma parcela gigantesca dos brasileiros ainda recebendo sinais de transmissões televisivas por antenas de captação de sinais via satélite, ficando assim sem os intervalos comerciais que só são transmitidos localmente, é possível dizer, ao menos, que vão conseguir assistir à propaganda eleitoral gratuita referente à região onde assistem à mesma? Digo com conhecimento de causa: nem sempre!

Fenômeno facilmente explicável se observarmos o Estado do Rio de Janeiro, no ano de 2012, por exemplo. Passando por eleições municipais, o Brasil, teoricamente, deveria exibir, no horário eleitoral gratuito, os candidatos aos cargos de vereador e prefeito NAQUELE município, para que o eleitor pudesse escolher. Pergunto: um eleitor do município de São Gonçalo, por exemplo, espectador televisivo graças a uma antena do tipo parabólica, assistiu aos candidatos a cargos no município de São Gonçalo, ou captou o sinal da transmissora de Nova Iguaçu? Acertou quem votou em “Nova Iguaçu”!
Eu mesma fiz pesquisas pela internet, sobre os candidatos em São Gonçalo, a pedido de pessoas conscientes politicamente, que estavam sem informação do horário eleitoral gratuito, mas buscaram onde puderam, incluindo minha ajuda.

“Ah, maluca! Mas esse problema não existe nas eleições chamadas majoritárias! Aí, todo mundo assiste a mesma coisa!”. Será? De novo?

Lamento, leitor! Mas também nas chamadas “majoritárias”, acontece o fenômeno! Porque não é apenas um problema regional, de pequenas cidades versus grandes metrópoles. A pequena, porém riquíssima, cidade onde nasceram meus pais, por exemplo, ainda não tem opção para receber sinais televisivos via cabo de fibra óptica e ainda recebem, todos (ricos ou pobres), sinais via antena. Lá, o horário eleitoral gratuito é exibido normalmente, como aqui em minha casa? Também não! São trinta minutos de silêncio absoluto, porque nada aparece no lugar!

Diante disso tudo, eu só vou perguntar mais uma coisa:

Quem é “povão” e quem é “elite’, nesse caso? E quem assiste o quê, diante disso tudo?
Analista político tem mania de olhar para o passado testado e tirar conclusões em cima de estatísticas que nem sempre são só numéricas. O “case Fenando Collor de Mello” é citado por muitos, pelo visto inspirou muita gente, mas há de se considerar que aconteceu em 1990, não em 2013! “As donas de casa elegeram Fernando Collor”, mas quem eram elas em 1990 e quem são elas em 2013? As mesmas? E “aqueles nordestinos que elegem o PT”? É isso mesmo? Alguém observou as estatísticas de voto na região nordeste atualmente para afirmar uma coisa dessa?

“Brasil, mostra a tua cara...”, hoje, também envolve “Brasil, mostra a cara da tua elite!”. Enquanto ELITE, eleitoral, não é quem tem dinheiro, não! É quem tem CREDIBILIDADE! É notório que a credibilidade também mudou de configuração, mas a ideia simplista de “tem dinheiro” ou “não tem dinheiro”, essa, definitivamente, não se aplica mais! É mais elite quem? O cidadão de classe média que ganha mais de vinte mil reais mensais de salário, mas representa um voto só na urna, ou aquele moço que não consegue ganhar mil reais num mês inteiro de trabalho remunerado, mas que possui o cargo de “líder comunitário” na região onde mora?

Ah! Você ainda acha que o PT está sozinho no poder e que isso é “culpa” do fato do Lula ser nordestino, porque o sertanejo que sofre com a seca acredita que ele vá acabar com ela? Desista, bobinho! Seu país, embora obrigue ao voto, não pune aquele sertanejo mais do que a própria seca! E aí, EU vou te garantir, porque eu já fui lá ver: se não tem água, não tem gado no pequeno pasto seco, não tem saúde para se pensar em quem pode ajudar ou não? Ele não vai largar, por mais “bolsa família”, “bolsa esmola”, “Brasil Carinhoso” ou qualquer outra “culpa” que seu preconceito quiser colocar só em cima dele, mulher doente e filhos com diarréia no casebre, para se locomover por mais de vinte quilômetros, mesmo que confortavelmente instalado no ônibus do corrupto mal intencionado, para votar no domingo!
Não vai, principalmente, mudar o resultado das urnas porque a peça de marketing de Aécio Neves a ser veiculada naquela televisão que ele não tem, foi concebida para a “elite”.
Ele também não vai sair pelo sertão dizendo a cada um dos conhecidos dele que não vai  votar no PSDB porque o partido é para “riquinhos” e não para ele.
Não vai!

Mas e  aquele “playboy”? Que ganha mais de vinte mil reais mensais mas não “vira” um voto com sua influência? ESSE, vai pensar o quê, da peça de marketing “elitista” de Aécio?  

“Elitizada”,

Filhinha de Papai

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Minha nota de repúdio ao segundo Carnaval do Brasil no mesmo ano


Eu comecei este post enquanto falava com uma amiga, pelo telefone. Quando dei a ela o título, ela ficou confusa, achando que eu ia falar realmente sobre algum absurdo retardatário do excessivo Carnaval brasileiro. Para consolidar meu post já pronto na mente, brinquei de “charada” com ela e, em vez de responder, perguntei “O que os seus filtros de internet estão detectando de mais polêmico nos últimos três dias?”. Ela respondeu: “Ah! Yoani é o Carnaval?”. Sim, amiga! Não ela, mas o vício do brasileiro em perder tempo e não saber estabelecer prioridades! Brasileiro gosta de onda! Entrou em mais uma! Não importa de que lado, onda é o prazer!

Claro que eu estou preocupadíssima com a falta de liberdade de expressão no Brasil! Claro que eu estou assombrada pela quantidade de “não pode dizer isso” que ando ouvindo por aí, como JAMAIS antes! Claro que estou com MEDO (pouco, mas estou), sim, porque também recebi ameaças (sérias ou não, mas telefone anda um espetáculo!)! Com tudo isso, a falta de liberdade de expressão em CUBA, desculpem, não anda me interessando muito! Para conseguir me preocupar com a falta em Cuba, eu precisaria estar em situação de abundância no Brasil. Não me parece o caso, né?

Cuba não nos afeta como afeta o Senado Federal brasileiro! Cuba não nos afeta como afeta a Câmara Federal de Deputados, no Brasil. Cuba, os Castro e seu regime ditatorial, bem como Yoani Sanchez, só têm possibilidade de nos atingir em um lugar do Brasil: o Itamaraty. Além de serem assuntos de predileção do atual governo. De resto, nada!

Yoani Sanchez declarou que se encanta com a “Democracia” brasileira! Não tenho raiva da moça, problemas com ela ou coisa parecida. Nada! Nada é o que ela representa, inclusive, de benefício ou malefício em minha brasileira vida, essa sim, CENSURADA! Se ela gostou tanto da Democracia brasileira, que permite que os comunistas tentem agredi-la, convido a moça para uma cobertura jornalística, no Brasil, de UMA denúncia de corrupção, sólida, relacionada à indústria farmacêutica brasileira, por exemplo. Tenho certeza que se Yoani foi sincera quando disse que gostou da Democracia, vai mudar de idéia quando pensar na NOSSA liberdade de expressão!

E eis que para gerar minha nota de repúdio, vem o “gran finale” do que considero uma lambança conjunta entre povo desenganado, imprensa censurada ou vendida e políticos falhos: nossos políticos da “oposição”, atualmente conhecidos como...nada! Não são conhecidos pela grande maioria por nada de marcante, resolvem, depois de terem ficado contemplando com olhares paspalhos, ou um discursinho fraquinho aqui e ali, as posses dos criminosos Renan Calheiros e Henrique Alves. A “situação” tomou TODOS os cargos que poderiam produzir alguma mudança positiva em nossas difíceis vidas e se a “oposição” votou igual, calada e sem UM único movimento para impedir, se opôs?? Baseada nas definições da Ciência Política, como as de Norberto Bóbio, por exemplo, para o termo “oposição”, sou obrigada a concluir que se aconteceu assim, não há oposição. Estão todos de acordo porque o Brasil vai muito bem!

Oi?? Bem para quem? Ou as pessoas só mentem para mim quando dizem que sofrem e eu estou, na realidade, sofrendo sozinha, ou tem alguma peça desencaixada nesse negócio!
Oposição deveria surgir e agir quando algo praticado pelo governo não está de acordo com a vontade comum da nação ou com o plano de governo apresentado? Se é isso, então, não existe de maneira concreta, uma vez que só existem manifestações de oposição ao que pratica o atual governo, espalhadas pela internet. Em votação, por eles no momento, não tem. Mas tem filminho com Yoani Sanchez! Ah! Isso tem, sim senhor!

REPUDIO a atitude, ou falta de, daqueles que chamamos de “opositores” em perder seu tempo, a casa do povo e toda a parafernália envolvida, para se mostrarem bons moços que deixam uma reprimida cubana falar e assistir a um filme! ISSO é oposição ao governo, para vocês? Por acaso a Dilma impediu Yoani de entrar aqui? Ou ela foi agredida por MANIFESTANTES? Querem fazer cafuné na Yoani? Acho válido! Mas que tal deixar isso para o Itamaraty? E mesmo nessa hora, de defender como se cavaleiros e Yoani uma pobre donzela de contos de fadas, a liberdade de expressão de uma blogueira cubana que não resolve problemas brasileiros, nem defendendo a democracia de papel que vocês construíram, vocês também estavam de mãos dadas com os integrantes da chamada “situação”.
VOCÊS, opositores, vão usar aquela desculpa esfarrapada de que estão sem poder porque o povo fez isso com vocês? Tem uma parte correta nisso, mas se VOCÊS, eleitos, que ganham todas as condições para desempenharem vosso papel de representantes do povo nas Casas, acham que se opor a um governo é ficar fazendo poesia reacionária (socialista, comunista, anarquista, liberalista ou tanto faz) como se estivéssemos em 1969 novamente, sem moverem um dedo mindinho para resolverem a VERGONHOSA situação da imprensa BRASILEIRA? E ainda dando assunto inútil aos poucos que costumavam se empenhar em cobrar de vocês?

Vão refletir sobre prioridades, rapazes! Todos! Eu mesma, inclusive! Posso estar errada por aqui, mas, em minha, aqui sim, humilde opinião (aqui serei humilde, sim, porque não sou especialista em Ciências Políticas), vocês estão trocando a ordem dos fatores, e nesse caso, está alterando o produto para bem pior!

É mundialmente conhecida a importância de uma imprensa LIVRE, ÉTICA e que consiga SOBREVIVER, para que um país, hoje em dia, tenha, realmente, liberdade de ESCOLHA! Aqui, expressar o povo ainda pode! Falar mal pode! Só não pode provar! Não pode investigar e não pode prender! De resto...tranquilo!
REPUDIO o atribulado Poder Legislativo se empenhando em fazer gentileza para estrangeiro para poder contar por aí que o Brasil é o país do futuro bom!

DESESPERO! Peço desculpas ao leitor se causar sentimentos negativos em função de minha própria amargura! Mas quando você não produz mais por ineficiência de serviços caros, não consegue mais comprar um medicamento porque não há no mercado, não consegue marcar uma consulta com um profissional que, cobrando duzentos e cinquenta reais por hora, ainda pede dois meses antes de te atender para verificar um problema comum, mas meio urgente, começa a trabalhar, liga a TV (que faz parte) e o que enxerga são seus líderes, que VOCÊ ELEGEU (sim, eu ajudei a eleger Otávio Leite, por exemplo, que chamou Yoani para a Casa) adulando a blogueira e você que votou e paga imposto aqui, está nessa situação? Só o desespero define minha sensação a cada foto que vejo por todos os lados do “gesto bonito e heróico” dos opositores, para com Yoani.
E eu? A mim, que estou aqui com essas decepções e tenho que considerar que vivo muito bem e sou privilegiada, porque a maioria do brasileiro está em situação mais perigosa para a própria saúde do que eu? Quem defende? Quem protege? Quem representa?

Fidel?

Enojada,

Filhinha de Papai

PS.: E chega desse assunto porque eu mesma imploro que não gastemos mais neurônio com isso! Não escrevo mais UMA linha a respeito! Prometo!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Amores...mas divórcio, eu imploro!

Tive um punhado de casos amorosos pela minha vida.
O primeiro, provavelmente devo ter desenvolvido pela minha mãe, ainda no ventre dela. A que me criou a vida toda é a mesma que me carregou por uns meses (ela não sabe quantos, os médicos também não...Eu é que não tenho como saber se eu não fui fruto de uma gestação "de girafa" ou "de gata"). Com todos os percalços das relações, eu até continuo apaixonada por ela hoje!
Lembro-me nitidamente de centenas de momentos em que estive apaixonadíssima por meu saudoso pai. Também por meus irmãos! Além de toda minha "família de escolha", que são pessoas com as quais eu não compartilho semelhanças no DNA, mas que são outras 4 figuras que eu amo desde que sei que existo! São duas mães adicionais à biológica, mais uma irmã e um irmão. Já são 8 relações amorosas logo cedo!

Todo mundo sabe (sem que eu precise contar) que nenhum dos meus 8 primeiros casos de amor foi pacífico durante 100% do tempo que durou ou dura o convívio! O amor não te impede de ter diferenças, às vezes insolúveis, em relação a outras pessoas. Você não passa a pensar de forma semelhante a outro porque ama aquela pessoa. Você ama e sabe que todas as pessoas do mundo vão fazer uma série de coisas com as quais você não vai concordar. Corriqueiro.
Amor também não garante que você consiga conviver intensamente com alguém! Nessa parte, entram em cena uma série de outros sentimentos. Alguns deles podem até impedir que você consiga ficar muito próximo de outrem, sem que se sinta mal. Há amores e amores, relações e relações. Nem o arroz é igual em todos os lugares, para todas as pessoas!

Claro que eu não vim aqui para falar de amor romântico! Claro que a Filhinha aqui continua preferindo papo de reclamação da sociedade atual. Mas o nono amor da minha vida, era o meu país. MEU! Sim! MEU! Chamei de "meu"! Mas chamava de meu! Jamais senti que fosse meu por direito de propriedade, mas sim por ter feito de mim o que sou, em parte.
"Ex-meu" país! Igualzinho aos homens com quem me relacionei amorosamente depois de adulta e não me relaciono mais. Não costumamos falar dessas pessoas como "meu ex-namorado", "meu ex-marido"? Então! Só que, quando o amor é o "natural", aquele que esperamos sentir por familiares, por exemplo, é preciso trocar os termos de lugar para ficar mais sensato. Porque dizem que não existe "ex-mãe", "ex-pai", essas coisas. Correto? Não há de ficar bom se eu usar "meu ex-país". É mesma linha da mãe e do pai.

Quando eu não amo mais ou não posso mais me relacionar com esses tipos, se não existe mais o vínculo voluntário, mas não existe o "ex" que se aplique a eles, acho que fica meio rígido, meio dogmático, apenas respeitar a não existência do "ex". Troquei de lugar, para ficar do jeito da minha cabeça.
Se eu não amo mais ou não posso mais me relacionar com algum desses tipos, não quero reconhecer como "meu" nada! Mas não deixou de ser o que era com os 9. O namorado deixou de ser namorado. A mãe não deixou de ser mãe. Nem o país, nem o irmão.
Digo que é, então, "ex-meu"! E ficou estranho, mas ficou claríssimo para o que sinto!

Cansei, Brasil! Jamais deixarei de ser brasileira, mas você não é mais meu! Não te amo mais, mas, principalmente, estou ADOECENDO de desgosto, convivendo com você! Seria muito mais saudável e construtivo para mim, parar de conviver com você e seus novos valores!


Fico mais triste ainda por outro motivo: de todos os amores da minha vida onde entrou o termo "ex", mesmo você sendo "ex-meu país" no meu coração cansado de assistir a você se destruindo, você é o único dos amores dos quais eu preciso de DINHEIRO para me livrar e não consigo!

Sinceramente? Gostaria que você, Brasil, me concedesse um divórcio indenizado. Você me paga, me liberta, eu sumo das suas vistas, mas paro de falar mal de você e de reclamar! Prometo! E mais: JURO que jamais amarei a outro, jamais outro país será chamado novamente por mim de apenas "meu"!
Um dia, há aproximados 14 anos, saiba que eu, imensa de orgulho, enchi a boca para dizer que eu ia voltar para você e para te chamar de "meu", para ingleses, húngaros, austríacos, tchecos ou qualquer outro cidadão de qualquer outro país que tivesse interesse em perguntar. Eu não queria o divórcio! Eu queria esse orgulho de volta! Mas isso você não vai mais me dar nessa vida!

Arrasada pelo fim definitivo do caso com o nono amor,

Filhinha de Papai


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A guerra inútil que contamina mais que vírus da gripe! Coisa desnecessária!


Mais uma coluna sobre as rivalidades idiotas entre o povo brasileiro. Mais uma “guerra do bairrismo” no meu Facebook...e nada, NADA muda, nesse sentido, pelas ruas e pelas redes brasileiras.

Minha mãe sabe que acabei ficando com um pouco de “raiva dos cariocas”, depois que vim morar no Rio de Janeiro. Ri muito, fazendo piadas de minha situação, porque, coincidentemente ou não, quando em São Paulo, eu cheguei a ganhar o apelido de “rainha dos cariocas”, tantos eram os presentes em minha vida de forma sempre boa.

Mas o Brasil é um paisinho triste nesse sentido! Dificilmente alguém que, depois de “velho”, muda sua residência para um Estado vizinho, ou região diferente, consegue se sentir “em casa”. O brasileiro é tomado por preconceitos! Disso nós herdamos muito! O brasileiro consegue sofrer mais preconceito dentro de casa do que em outro país!

Mamãe, sabida de minha situação, havia lido (e eu não) no jornal “Folha de São Paulo” impresso, o que eu rapidamente achei na versão online. Uma coluna de Antonio Prata, sobre “paulistas x cariocas’. Li, ri, e achei de colar no meu mural do Facebook, porque eu me identifiquei com aquilo. Pronto! Mais uma polêmica e mágoas de lá e cá!

O texto de Antonio Prata, colo aqui:
“06/02/2013 - 03h00
Cliente paulista, garçom carioca
DE SÃO PAULO
Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico "pas de deux": sentado, ao fundo do restaurante, o cliente paulista acena, assovia, agita os braços num agônico polichinelo; encostado à parede, marmóreo e impassível, o garçom carioca o ignora com redobrada atenção. O paulista estrebucha: "Amigô?!", "Chefê?!", "Parceirô?!"; o garçom boceja, tira um fiapo do ombro, olha pro lustre.
Eu disse "cliente paulista", percebo a redundância: o paulista é sempre cliente. Sem querer estereo-tipar, mas já estereotipando: trata-se de um ser cujas interações sociais terminam, 99% das vezes, diante da pergunta "débito ou crédito?". Um ser que tem o "direito do consumidor" em tão alta conta que quase transformou um de seus maiores prosélitos em prefeito da capital. Como pode ele entender que o fato de estar pagando não garantirá a atenção do garçom carioca? Como pode o ignóbil paulista, nascido e criado na crua batalha entre burgueses e proletários, compreender o discreto charme da aristocracia?
Sim, meu caro paulista: o garçom carioca é antes de tudo um nobre. Um antigo membro da corte que esconde, por trás da carapinha entediada, do descaso e da gravata borboleta, saudades do imperador. Faz sentido. Para onde você acha que foram os condes, duques e viscondes no dia 16 de novembro de 1889 pela manhã? Voltaram a Portugal? Fugiram pros Açores? Fundaram um reino minúsculo, espécie de Liechtenstein ultramarino, lá pros lados de Nova Iguaçu? Nada disso: arrumaram emprego no Bar Lagoa e no Villarino, no Jobi e no Nova Capela, no Braseiro e no Fiorentina.
O pobre paulista, com sua ainda mais pobre visão hierárquica do mundo, imagina que os aristocratas ressentiram-se com a nova posição. De maneira nenhuma, pois se deixaram de bajular os príncipes e princesas do século 19, passaram a servir reis e rainhas do 20: levaram gim tônicas para Vinicius e caipirinhas para Sinatra, uísques para Tom e leites para Nelson, receberam gordas gorjetas de Orson Welles e autógrafos de Rockfeller; ainda hoje falam de futebol com Roberto Carlos e ouvem conselhos de João Gilberto. Continuam tão nobres quanto sempre foram, seu orgulho permanece intacto.
Até que chega esse paulista, esse homem bidimensional e sem poesia, de camisa polo, meia soquete e sapatênis, achando que o jacarezinho de sua Lacoste é um crachá universal, capaz de abrir todas as portas. Ah, paulishhhhta otááário, nenhum emblema preencherá o vazio que carregas no peito -pensa o garçom, antes de conduzi-lo à última mesa do restaurante, a caminho do banheiro, e ali esquecê-lo para todo o sempre.
Veja, veja como ele se debate, como se debaterá amanhã, depois de amanhã e até a Quarta-Feira de Cinzas, maldizendo a Guanabara, saudoso das várzeas do Tietê, onde a desigualdade é tão mais organizada: "Amigô, o bife era mal passado!", "Chefê, a caipirinha de saquê era sem açúcar!", "Ô, companheirô, faz meia hora que eu cheguei, dava pra ver um cardápio?!". Acalme-se, conterrâneo. Acostume-se com sua existência plebeia. O garçom carioca não está aí para servi-lo, você é que foi ao restaurante para homenageá-lo. E quer saber? Ele tem toda a razão.
antonioprata.folha@uol.com.br
@antonioprata”


No meu mural, amigos paulistas concordando que sofrem com o serviço no Rio, ou dizendo que vieram ao Rio e o serviço está ótimo, ou compartilhando sem dizer muito, ou o comentário mais frequente: eu reclamo demais, eu reclamo “de barriga cheia”. Normal. Mas teve também o amigo que compartilhou acusando o paulista de praticar “Apartheid social” no Rio de Janeiro, e ser maltratado por isso.
Ahhh!! Então, quando ele postou assim, o dele explodiu! Uma série de “curtidas” (todas, de cariocas), comentários de que o garçom é nobre mesmo (ou atende mal), ou que o paulistano é nojento mesmo...e por aí foi! O que não aconteceu, em momento algum, foi alguém admitir que TODOS têm culpa pelo desconforto de TODOS! Incluindo eu mesma!

Minha culpa não é por ter destratado alguém por conta de origem um dia na vida, não! Mas eu também tenho lá meus preconceitos! Ah, se tenho! E se irritada, consigo dizer horrores e ser muito preconceituosa! Mas eu percebi que, pelo menos comigo, a “guerra” aflora apenas quando estou com raiva, quando me sinto agredida! E não agredir não é a melhor forma de evitar ser agredido (não impede, mas diminui!)? Comigo funcionou! Agrido menos, escuto menos!

Mas eu vi vários lados de uma mesma moeda. Nascida na capital do Estado de São Paulo, minha família era toda diferente. Meus pais e irmãos eram do interior do Estado. Só eu era nascida e criada na capital. Vi, nos meus meios em São Paulo, preconceito besta de paulistano contra nordestino. Achava triste! Mas vi, sim! Não vou mentir nem “puxar a brasa para minha sardinha”. Eu mesma me peguei pensando, várias vezes, quando vi agressões contra a cidade, como patrimônio público depredado ou gente jogando lixo na rua, de maneira preconceituosíssima, como “isso foi feito por gente que não nasceu aqui! Quem nasce aqui como eu não é capaz, no meio de tanto amor pela cidade, de maltratar dessa forma!”. E onde é que o pensamento estava errado? Na palavrinha “eu”! Eu sou eu! E não posso, absolutamente, parametrizar nem o amor, nem a educação dos outros, pelo que eu tenho e uso! Muitas vezes, obviamente, as tristezas que eu via eram produzidas por paulistanos, da gema, da clara e do ovo todinho, sim! E eu fui aprendendo devagar.

Para entrar na fase final como em todo aprendizado, essa é a mais difícil que eu venho vivendo e não há previsão de término! Hoje eu virei “alvo”. E se antes eu podia aprender vendo o que não gostava que os OUTROS fizessem com os OUTROS, hoje eu fico triste por aquilo que os outros fazem é comigo! Sou humana, pequenina como a maioria de nós, então, doeu em mim, dessa vez doeu mais!
Há seis belos anos eu aceitei o convite do homem que é o amor da minha vida, e carioca, para largar a minha atribulada vida em São Paulo e as pontes aéreas e rodoviárias de todos os finais de semana de nosso namoro, e vir viver com ele no Rio de Janeiro.

De todas as guerras “bairristas” brasileiras, a mais famosa, acentuada e incômoda, é a produzida por paulistas e cariocas. Mais precisamente, paulistANOS e cariocas. Os interiores dos dois Estados são um pouco mais “neutros” nessa guerra.

Meu amigo que compartilhou o texto no Facebook dele e obteve as curtidas dos cariocas, é um ex-morador da capital de São Paulo, onde nos conhecemos e nossa grande amizade nasceu! Sou obrigada a discordar do maior argumento que ele costuma utilizar nessas discussões: ele pode ter sofrido muito pela falta da praia, pelos horários diferentes, pelo estilo de vida diferente, por ter que se locomover por distâncias maiores e mais congestionadas...mas eu acompanhei muito de perto todos os anos que este meu amigo morou em São Paulo, com todo seu acentuado sotaque carioca. Afirmo com propriedade: ele JAMAIS sofreu, em São Paulo, alguns tipos de agressão que eu vivo e venho vivendo com meu acentuado sotaque paulistano, no Rio de Janeiro. Não porque o paulistano ou o carioca sejam melhores ou mais “educados”, não! Apenas uma questão de diferença comportamental, generalizando, dos habitantes de uma cidade ou da outra. O meu amigo, quando em São Paulo, falava mal dos paulistanos e de São Paulo em TODAS as oportunidades que encontrava, mas jamais conseguiu uma briga, discussão, ou alguém que levantasse a voz para ele em defesa do povo ou território que ele fazia questão de atacar. Enquanto a contrapartida, eu no Rio de Janeiro, é bem diferente! Por uma questão de “tradição dos hábitos”, basta que alguém com um pouco mais de raiva da situação dessa guerra ridícula, que seja carioca e reconheça meu sotaque, enxergar em mim sua própria raiva personificada e eu escuto a clássica, frequentemente: “Não SUPORRRRTO paulista!”. De TODAS as vezes, mesmo com meu jeitinho briguento, eu estava cordial e inocente em TODAS! Mereci?

Mereci! Sou brasileira, imbecil também e estou atolada nessa guerra imbecil até o pescoço! Se eu pensei aquela bobagem que escrevi acima um dia na vida, hoje eu mereci ser maltratada por abrir a boca exibindo apenas um sotaque característico de algum lugar!

Senhor Luiz, meu amigo nascido num Estado do nordeste, comentou comigo na portaria do prédio, num dia desses: “Ninguém gosta de nordestino”. Respondi a ele, rindo: “Sr. Luiz! Hoje o senhor está até melhor que eu! Se até ontem eu pensava que ninguém gostava de nordestino, hoje eu percebo que ninguém gosta é de PAULISTA, isso sim!” e continuei rindo. Ele concordou enfaticamente! Disse que eu tinha razão! De paulista é que ninguém gosta, mesmo!

Então, diz o meu amigo já citado que o paulistano não gosta dos outros, que é arrogante, que se acha superior. Será que ele está errado? O que eu via era o paulistano ignorando as origens das pessoas, ou apontando quem era “forasteiro”?  Não era com carioca? Mas acontecia? Eu vi muita coisa diferente disso?

Resultado é que ninguém tem defesa! E eu, que não atacava, sofri ataques por traumas causados e carregados por outras pessoas, até que acabei tendo crises de ataques também. A corrente do ódio é um vírus potente! Contagia demais! Só se parte com reflexão profunda, ou sofrimento! Triste de novo!

Vamos reagir, brasileiro! Nosso inimigo é o mal, o crime, a destruição do que temos de mais humano! Não o sotaque, a origem, o cabelo ou a pele do vizinho de mesa de bar! Portugal se foi, os demais países também! Sobramos nós, um de cada tipo, mas brasileiros somente! Com os mesmos problemas e mágoas, quase todos!

Com solidariedade brasileira,

Filhinha de Papai

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Carnaval, festa das liberdades, o ser humano massacrado indo à forra!


Passou! Passou o Carnaval! A vida deveria “voltar ao normal”, ou “o ano começar de verdade” a partir de hoje. Mas em alguns lugares ainda dá para esperar mais um bocadinho! A próxima segunda-feira, na verdade, constitui o início de tudo para todos, mesmo! E por que será que temos a impressão de que a cada dia o Carnaval “dura” mais?

Eis que dia desses eu leio no Facebook que as pessoas anseiam tanto por feriados porque necessitam fugir de suas vidas. É! Se todo mundo tivesse um emprego feliz, um cotidiano sem aborrecimento em demasia, relações pessoais tranquilas e pacíficas...seria tão grande esse desespero todo por um feriado?

E o fato de uma festa profana, associada ao pecado e às tentações da carne, ser sucesso até entre a mais “carola” das católicas até a mais “crente” entre as evangélicas? Normal?

Normal! Se for mundo atual, humanidade massacrada por problemas e mais problemas e as vidas precisando, em geral, de fuga intensa!

O que eu não acho muito normal é ouvir a reclamação geral, pelos excessos cometidos durante o grande e quase interminável Carnaval. Ainda mais o carioca, que, pela impressão que tive visualmente, deve ter batido, novamente, mais uns 8 recordes associados às quantidades (de foliões na rua, de dias de brincadeira, de público no Brasil todo e por aí vai...)! Se o objetivo é, justamente, todo mundo “afrouxar os valores” e “brincar sem culpa” durante todos esses dias, todo mundo achou que brincar era só cantar marchinha na rua? Ai! Chegou a hora do “faz-me rir!”!

Não pensem todos que vou me excluir dos que cometem excessos no Carnaval, não! Eu também cometo os meus! Praia, por exemplo, é um programa que eu faço frequentemente no Carnaval, porque eu mesma me sinto menos invasora nessa época do ano, com a cidade tomada pelos turistas! Meu próprio “paulistês acentuado” e a brancura “atípica para uma brasileira” da pele, que me causam desconfortos durante grande parte do ano, somem das vistas de todos, durante o Carnaval da mistura permitida! No Carnaval, eu viro mais uma de fora e sou tratada como maioria. E o Carnaval tende a melhorar os humores daqueles que circulam pelas ruas. Ou exaltar as violências!

Excessos meus, frutos da minha loucura ou apenas de observação, tanto faz, ou não, fato é que a fuga da vida massacrante ocorre de maneira diferente para cada um! Para alguns, a fuga e a brincadeira incluem uma série de coisas que para outros são um absurdo inexplicável! Inexplicável para quem não compreende que cada um se excede de uma forma.

Um dia, mais jovem, minha fuga também incluía algum excesso de bebida alcoólica durante o Carnaval. Descontração e brincadeiras com amigos e festas. Hoje, mais cansada, mais velha e mais chata, circular pelas ruas já é excessivo para mim, no meio de tudo que acontece entre os demais.
Não é por isso, entretanto, que vou me esquecer que os “outros são os outros”. E são muitos outros, de maneira que uma polícia só JAMAIS vai funcionar para tanto excesso do excesso!

No feriado, vou aproveitar o dia como mais uma comum pelas praias cariocas, acompanhada do divino amigo carioca da gema. Saio da praia já tardiamente, porque sabia da existência da passagem de um dos mais tradicionais e maiores blocos que circulam por ali onde eu estava aproveitando o mar, e se eu saísse da praia na hora da passagem do bloco, eu perderia umas duas horas no meio da multidão, tentando passar. O sol colabora, o bloco parte às 17:30 e é possível esperar que ele passe antes de voltar para casa. Mas nem o sol espera aquele povo todo dispersar! Então, ainda fui obrigada a enfrentar um “resto” de multidão que aproveitava o bloco. O amigo, carioca da gema, se assusta: “O que é isso??? O cara ali de p...piii para fora! No meio da rua???”. Novamente, dois minutos depois, ele: “O que é isso??? O outro ali de baseado aceso no meio da rua, na cara-de-pau???”. Mais uns 4 minutos de caminhada, ele novamente: “Meu Deus!!! Mais um de baseado aceso! E olha a polícia logo ali!”....e foram mais dois baseados acesos e uma suspeita de felação (que nenhum de nós ficou observando para ter certeza) até sairmos do meio da parte mais cheia e chegarmos mais perto de conseguir um táxi de volta para casa.

Ah...os excessos de cada um! Para cada um dos momentos de espanto do meu amigo carioca que, supostamente, deveria estar “mais acostumado” do que eu, e para todas as pessoas que eu ouvi assustadas com algum tipo de comportamento alheio inconveniente ou ilegal, eu só tenho uma resposta: “Tá estranhando? É Carnaval, oras!”...

Porque é Carnaval, e dependendo da área onde você estiver, pode de tudo, ou quase tudo que se puder imaginar! Mas pode? Poder não pode, mas só saber que não pode, impede o ser humano? Ou o ser humano, pelo menos ultimamente, só respeita o “pode” ou “não pode” se for ameaçado diante de penalização pelo “não pode”? E o que eu acho um absurdo ou um excesso, é conceito comum para todos?

Não! Nada é! E no meio da vida cada vez mais complicada, corrida, massacrante e deprimente, o mesmo ser humano que se choca com os excessos alheios, se pega vivendo uma vida atípica para ele também, no meio da grande folia que usamos para fugir, de um jeito ou outro, do cotidiano infernal e inevitável!

Ninguém poupou dinheiro! Ninguém protestou pela política! Os protestos foram, quase em totalidade, individuais: cada um protestando do seu jeito, pela vida mal levada, no meio do feriado, mas tendo que sucumbir ao fato de que é fuga em massa mesmo! Daquilo que machuca, mas que tem que doer todo santo dia!

Viveremos brincando de fugir, ou brincaremos em algum momento sem necessidade de fuga?

Esperando que os índices de violência no meio da brincadeira de fuga diminuam,

Filhinha de Papai

Reclamar é uma arte que exige tempo!

Este blog é alimentado muito eventualmente. E as pessoas me perguntam o motivo disso, reclamam, criticam, dizendo que faço tudo errado! Sim, muitos têm razão!
Mas escrever por prazer é só por prazer! Isso aqui é meu e não gera receita, então, eu só admito vir quando tenho realmente necessidade de postar.
Triste é entender que a necessidade de postar é sempre mais latente em períodos de muitos e muitos e mais muitos absurdos assistidos, nem sempre de longe, mas SEMPRE de perto!

Volto já! Com muito a reclamar! De tudo, de todos, do mundo! O que os dedos conseguirem de reclamação sem bolhas!

Feliz sempre, mas bradando por melhora sempre,

Filhinha de Papai

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Se EU chamar jantar em casa, é apologia ao crime! Mas o PT pode!


Ah, a imbatível impunidade petista!

Eu estou “vomitando” impropérios contra a Secretaria de Igualdade desde que dona Luiza Bairros, líder do “Movimento Negro Unificado” assumiu, lá atrás, a tal secretaria! Ora, brasileiro iludido! Onde é que “unificado” e “movimento negro” combinam com IGUALDADE no dicionário de vocês? Em minha cabeça alfabetizada, parece desigualdade. Mas a louca, para variar, devo ser eu!
Já viram algum imbecil vira-lata brasileiro se intitular “skinhead” nazista “ariano superior” (Hitler deve se revirar no túmulo ao ver os pobres mulatos brasileiros se achando arianos! Eu adoro rir!) e, DEVIDAMENTE, ser muito bem preso por estar discriminando os outros? Eu já vi e amei ver! Adoro justiça! Delícia!

E uma turminha de “pardos” me acusando SEM PROVAS (óbvio!) e, ABSOLUTAMENTE sem razão, ME acusando de ser “elite branca escravizadora” (escravizadora? Eu NASCI em 1979 no BRASIL! Nem que eu QUISESSE! Se tiver petralha lendo, ajudo a fazer a conta: tenho 34 anos de idade!)? Aí pode?

Aí pode! Pode e DEVE! Afinal, o PT concluiu que eu sou descendente dos “eslavos” malvados escravizadores, porque eles DIZEM que me pareço com esse povo! Só tem UM detalhe: nem EU sei que cara tinham os meus AVÓS!

Não conheci meus avós paternos! Se nem EU sei que cara têm os meus ancestrais, quem é esse povo que acha que pode me olhar torto achando que eu tenho alguma culpa?
Minha culpa, então, é ter nascido? É!



Nascido no Brasil. Claro!
O país que é capaz de assistir, com meses de intervalo entre um e outro, o julgamento histórico de figuras políticas, jamais visto na história, através das sessões transmitidas ao vivo do Supremo Tribunal Federal, A CORTE SUPREMA DO PAÍS, que condenou ao pagamento de multas e penas de reclusão, aqueles criminosos que chamamos popularmente de “mensaleiros”, que foram condenados pela Ação Penal 470.

Em Janeiro, um mês depois da última comemoração pelos brasileiros, pela condenação dos mensaleiros, o país assiste ao Partido dos Trabalhadores, o maior partido da situação, que teve membros condenados pela Ação Penal 470, convocar para um jantar para angariar fundos para AUXILIAR os condenados a pagarem suas penas de multas! Condenados estes por desviarem e utilizarem em benefício próprio, o NOSSO DINHEIRO! O MAIOR PARTIDO CONVOCA para um JANTAR para angariar FUNDOS para AJUDAR CONDENADOS pela JUSTIÇA FEDERAL, POR CRIMES relacionados a desvio de FUNDOS EM BENEFÍCIO PRÓPRIO! Isso, para mim, parece:
APOLOGIA AO CRIME!

Sim, porque se quem é mensaleiro merece AJUDA, então, a IMPUNIDADE deve ser regra! ISSO não é apologia ao crime?

Maconha não pode, mas pode marchar...e ainda não decidiram direito se é apologia ao crime ou não, marchar. Mas...

Convocar para um jantar para AJUDAR CONDENADO pelo SUPREMO?? Essas palavras foram usadas! Então, se eu anunciar, pelos meios de comunicação do país, que eu vou fazer um jantar para AJUDAR um traficante de drogas condenado, tudo bem? Se eu anunciar em Rede Nacional que eu vou organizar um jantar para um condenado que falsificou medicamentos e matou pessoas com isso, tudo bem?

Eu escrevi uma série de coisas em letras maiúsculas, para tentar fazer um resuminho para a Justiça brasileira do que, realmente, aconteceu neste começo de 2013. APOLOGIA AO CRIME, de novo! 

Sinto, senhores, mas dizer que o STF errou em condenar? Foi isso que o PT se atreveu a dizer DE NOVO e ninguém vai fazer NADA? Se a justiça condena em última instância com todas as provas, não deveria garantir que o brasileiro soubesse direitinho que condenou por CRIME?
Até a cara-de-pau petista tem LIMITE, senhores agentes da Justiça! Alguém faça algo muito enérgico contra este partido AGORA, ou, de uma vez por todas, concluiremos que vocês estão todinhos vendidos, mesmo!

O “super” Joaquim Barbosa vai ficar quietinho OUTRA VEZ? Já não basta o imbroglio das Casas decidindo os mandatos?

De novo, a única saída para o brasileiro que ainda tem um pingo de moral é a depressão. Se tiver moral e dinheiro, tem outra: o aeroporto!

Sem um pingo de fé na decência dos atos,

Filhinha de Papai