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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Carnaval, festa das liberdades, o ser humano massacrado indo à forra!


Passou! Passou o Carnaval! A vida deveria “voltar ao normal”, ou “o ano começar de verdade” a partir de hoje. Mas em alguns lugares ainda dá para esperar mais um bocadinho! A próxima segunda-feira, na verdade, constitui o início de tudo para todos, mesmo! E por que será que temos a impressão de que a cada dia o Carnaval “dura” mais?

Eis que dia desses eu leio no Facebook que as pessoas anseiam tanto por feriados porque necessitam fugir de suas vidas. É! Se todo mundo tivesse um emprego feliz, um cotidiano sem aborrecimento em demasia, relações pessoais tranquilas e pacíficas...seria tão grande esse desespero todo por um feriado?

E o fato de uma festa profana, associada ao pecado e às tentações da carne, ser sucesso até entre a mais “carola” das católicas até a mais “crente” entre as evangélicas? Normal?

Normal! Se for mundo atual, humanidade massacrada por problemas e mais problemas e as vidas precisando, em geral, de fuga intensa!

O que eu não acho muito normal é ouvir a reclamação geral, pelos excessos cometidos durante o grande e quase interminável Carnaval. Ainda mais o carioca, que, pela impressão que tive visualmente, deve ter batido, novamente, mais uns 8 recordes associados às quantidades (de foliões na rua, de dias de brincadeira, de público no Brasil todo e por aí vai...)! Se o objetivo é, justamente, todo mundo “afrouxar os valores” e “brincar sem culpa” durante todos esses dias, todo mundo achou que brincar era só cantar marchinha na rua? Ai! Chegou a hora do “faz-me rir!”!

Não pensem todos que vou me excluir dos que cometem excessos no Carnaval, não! Eu também cometo os meus! Praia, por exemplo, é um programa que eu faço frequentemente no Carnaval, porque eu mesma me sinto menos invasora nessa época do ano, com a cidade tomada pelos turistas! Meu próprio “paulistês acentuado” e a brancura “atípica para uma brasileira” da pele, que me causam desconfortos durante grande parte do ano, somem das vistas de todos, durante o Carnaval da mistura permitida! No Carnaval, eu viro mais uma de fora e sou tratada como maioria. E o Carnaval tende a melhorar os humores daqueles que circulam pelas ruas. Ou exaltar as violências!

Excessos meus, frutos da minha loucura ou apenas de observação, tanto faz, ou não, fato é que a fuga da vida massacrante ocorre de maneira diferente para cada um! Para alguns, a fuga e a brincadeira incluem uma série de coisas que para outros são um absurdo inexplicável! Inexplicável para quem não compreende que cada um se excede de uma forma.

Um dia, mais jovem, minha fuga também incluía algum excesso de bebida alcoólica durante o Carnaval. Descontração e brincadeiras com amigos e festas. Hoje, mais cansada, mais velha e mais chata, circular pelas ruas já é excessivo para mim, no meio de tudo que acontece entre os demais.
Não é por isso, entretanto, que vou me esquecer que os “outros são os outros”. E são muitos outros, de maneira que uma polícia só JAMAIS vai funcionar para tanto excesso do excesso!

No feriado, vou aproveitar o dia como mais uma comum pelas praias cariocas, acompanhada do divino amigo carioca da gema. Saio da praia já tardiamente, porque sabia da existência da passagem de um dos mais tradicionais e maiores blocos que circulam por ali onde eu estava aproveitando o mar, e se eu saísse da praia na hora da passagem do bloco, eu perderia umas duas horas no meio da multidão, tentando passar. O sol colabora, o bloco parte às 17:30 e é possível esperar que ele passe antes de voltar para casa. Mas nem o sol espera aquele povo todo dispersar! Então, ainda fui obrigada a enfrentar um “resto” de multidão que aproveitava o bloco. O amigo, carioca da gema, se assusta: “O que é isso??? O cara ali de p...piii para fora! No meio da rua???”. Novamente, dois minutos depois, ele: “O que é isso??? O outro ali de baseado aceso no meio da rua, na cara-de-pau???”. Mais uns 4 minutos de caminhada, ele novamente: “Meu Deus!!! Mais um de baseado aceso! E olha a polícia logo ali!”....e foram mais dois baseados acesos e uma suspeita de felação (que nenhum de nós ficou observando para ter certeza) até sairmos do meio da parte mais cheia e chegarmos mais perto de conseguir um táxi de volta para casa.

Ah...os excessos de cada um! Para cada um dos momentos de espanto do meu amigo carioca que, supostamente, deveria estar “mais acostumado” do que eu, e para todas as pessoas que eu ouvi assustadas com algum tipo de comportamento alheio inconveniente ou ilegal, eu só tenho uma resposta: “Tá estranhando? É Carnaval, oras!”...

Porque é Carnaval, e dependendo da área onde você estiver, pode de tudo, ou quase tudo que se puder imaginar! Mas pode? Poder não pode, mas só saber que não pode, impede o ser humano? Ou o ser humano, pelo menos ultimamente, só respeita o “pode” ou “não pode” se for ameaçado diante de penalização pelo “não pode”? E o que eu acho um absurdo ou um excesso, é conceito comum para todos?

Não! Nada é! E no meio da vida cada vez mais complicada, corrida, massacrante e deprimente, o mesmo ser humano que se choca com os excessos alheios, se pega vivendo uma vida atípica para ele também, no meio da grande folia que usamos para fugir, de um jeito ou outro, do cotidiano infernal e inevitável!

Ninguém poupou dinheiro! Ninguém protestou pela política! Os protestos foram, quase em totalidade, individuais: cada um protestando do seu jeito, pela vida mal levada, no meio do feriado, mas tendo que sucumbir ao fato de que é fuga em massa mesmo! Daquilo que machuca, mas que tem que doer todo santo dia!

Viveremos brincando de fugir, ou brincaremos em algum momento sem necessidade de fuga?

Esperando que os índices de violência no meio da brincadeira de fuga diminuam,

Filhinha de Papai

2 comentários:

  1. Num tempo anterior (recuso-me a falar passado) curtia e aproveitava bastante o carnaval. Hoje me limito a ir no Galo de Manaus e o resto é descanso.
    Uma coisa é certa: o volume e grau de excessos hoje é absurdo mesmo...

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  2. Cometer excessos virou a normalidade hoje.
    Não só no Carnaval, a diferença é: No Carnaval não é preciso fingir para cometer excessos

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