Esquerda? Direita? Centro? Poder populista? Poder elitista?
Progresso? Retrocesso? Bom para quem? .....
Tanta pergunta que parece extremamente útil, mas que na
prática acaba se perdendo entre “ideal ou prática”.
Mesmo assim, ainda tem coisas no meio dessas perguntas todas
que é mais fácil de explicar. Vamos sempre tentar começar por elas, então.
A sensacional e politizada amiga me pergunta hoje, logo nas
primeiras horas da manhã, se o PSDB gosta tanto assim de “dar tiros no próprio
pé”. Segundo ela, a peça de marketing televisivo gravada por Aécio Neves, o
mais provável candidato à presidência da República nas eleições de 2014 por
aquele que é, ou era para ser, o maior partido da oposição atual, é
completamente “elitista”. Pergunta ela, então, se o PSDB não “aprendeu que tem
que falar para o povão, e não para a elite?”. Hum...não sei bem, eu, se o PSDB
precisa aprender ESSA lição exatamente, se quiser retomar os cargos executivos
que perdeu.
Em primeiro lugar, eu gostaria de questionar o atual
conceito de “elite”. O conceito continua o mesmo que conhecemos desde os
primeiros livros de História da humanidade de que temos ciência. Na prática,
entretanto, o que foi que virou “elite”?
“Povão assiste Globo! Assiste novela! Engole propaganda no
horário nobre televisivo nacional...”...será?
Olhando de perto, não me parece tão simples assim. Mesmo que
o que eu escrevi entre aspas, aí em cima, seja totalmente verdadeiro, é preciso
ir um pouco mais longe, sim! Simples: onde a novela aparece, que seja a novela “global”
sempre citada primeiro, aparece junto o mesmo tipo de “intervalo comercial”?
Aquele momento entre a interrupção de um seguimento da novela sendo exibido
pela transmissora, e o início da transmissão do seguimento seguinte, onde
geralmente vemos o que chamamos de “comerciais”? É IGUAL para todos os locais,
como é a novela? Não, senhores! Isso é Brasil, e cada um recebe sinal
televisivo de um jeito, ainda...
O brasileiro não sabe, então, como assiste à televisão, esse
tal de “povão”? Se estão se referindo realmente às classes menos privilegiadas
financeiramente, é possível prever que essa classe realmente vá assistir a algo
comum, no citado intervalo comercial, se estes dependem diretamente da
transmissão? E se existe uma parcela gigantesca dos brasileiros ainda recebendo
sinais de transmissões televisivas por antenas de captação de sinais via
satélite, ficando assim sem os intervalos comerciais que só são transmitidos
localmente, é possível dizer, ao menos, que vão conseguir assistir à propaganda
eleitoral gratuita referente à região onde assistem à mesma? Digo com
conhecimento de causa: nem sempre!
Fenômeno facilmente explicável se observarmos o Estado do
Rio de Janeiro, no ano de 2012, por exemplo. Passando por eleições municipais,
o Brasil, teoricamente, deveria exibir, no horário eleitoral gratuito, os
candidatos aos cargos de vereador e prefeito NAQUELE município, para que o
eleitor pudesse escolher. Pergunto: um eleitor do município de São Gonçalo, por
exemplo, espectador televisivo graças a uma antena do tipo parabólica, assistiu
aos candidatos a cargos no município de São Gonçalo, ou captou o sinal da
transmissora de Nova Iguaçu? Acertou quem votou em “Nova Iguaçu”!
Eu mesma fiz pesquisas pela internet, sobre os candidatos em
São Gonçalo, a pedido de pessoas conscientes politicamente, que estavam sem
informação do horário eleitoral gratuito, mas buscaram onde puderam, incluindo
minha ajuda.
“Ah, maluca! Mas esse problema não existe nas eleições
chamadas majoritárias! Aí, todo mundo assiste a mesma coisa!”. Será? De novo?
Lamento, leitor! Mas também nas chamadas “majoritárias”,
acontece o fenômeno! Porque não é apenas um problema regional, de pequenas
cidades versus grandes metrópoles. A pequena, porém riquíssima, cidade onde
nasceram meus pais, por exemplo, ainda não tem opção para receber sinais
televisivos via cabo de fibra óptica e ainda recebem, todos (ricos ou pobres),
sinais via antena. Lá, o horário eleitoral gratuito é exibido normalmente, como
aqui em minha casa? Também não! São trinta minutos de silêncio absoluto, porque
nada aparece no lugar!
Diante disso tudo, eu só vou perguntar mais uma coisa:
Quem é “povão” e quem é “elite’, nesse caso? E quem assiste
o quê, diante disso tudo?
Analista político tem mania de olhar para o passado testado
e tirar conclusões em cima de estatísticas que nem sempre são só numéricas. O “case
Fenando Collor de Mello” é citado por muitos, pelo visto inspirou muita gente,
mas há de se considerar que aconteceu em 1990, não em 2013! “As donas de casa
elegeram Fernando Collor”, mas quem eram elas em 1990 e quem são elas em 2013?
As mesmas? E “aqueles nordestinos que elegem o PT”? É isso mesmo? Alguém
observou as estatísticas de voto na região nordeste atualmente para afirmar uma
coisa dessa?
“Brasil, mostra a tua cara...”, hoje, também envolve “Brasil,
mostra a cara da tua elite!”. Enquanto ELITE, eleitoral, não é quem tem
dinheiro, não! É quem tem CREDIBILIDADE! É notório que a credibilidade também
mudou de configuração, mas a ideia simplista de “tem dinheiro” ou “não tem
dinheiro”, essa, definitivamente, não se aplica mais! É mais elite quem? O
cidadão de classe média que ganha mais de vinte mil reais mensais de salário,
mas representa um voto só na urna, ou aquele moço que não consegue ganhar mil
reais num mês inteiro de trabalho remunerado, mas que possui o cargo de “líder
comunitário” na região onde mora?
Ah! Você ainda acha que o PT está sozinho no poder e que
isso é “culpa” do fato do Lula ser nordestino, porque o sertanejo que sofre com
a seca acredita que ele vá acabar com ela? Desista, bobinho! Seu país, embora
obrigue ao voto, não pune aquele sertanejo mais do que a própria seca! E aí, EU
vou te garantir, porque eu já fui lá ver: se não tem água, não tem gado no
pequeno pasto seco, não tem saúde para se pensar em quem pode ajudar ou não?
Ele não vai largar, por mais “bolsa família”, “bolsa esmola”, “Brasil Carinhoso”
ou qualquer outra “culpa” que seu preconceito quiser colocar só em cima dele,
mulher doente e filhos com diarréia no casebre, para se locomover por mais de
vinte quilômetros, mesmo que confortavelmente instalado no ônibus do corrupto
mal intencionado, para votar no domingo!
Não vai, principalmente, mudar o resultado das urnas porque
a peça de marketing de Aécio Neves a ser veiculada naquela televisão que ele
não tem, foi concebida para a “elite”.
Ele também não vai sair pelo sertão dizendo a cada um dos
conhecidos dele que não vai votar no
PSDB porque o partido é para “riquinhos” e não para ele.
Não vai!
Mas e aquele “playboy”?
Que ganha mais de vinte mil reais mensais mas não “vira” um voto com sua
influência? ESSE, vai pensar o quê, da peça de marketing “elitista” de Aécio?
“Elitizada”,
Filhinha de Papai
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