É notório que sou fã, e muito fã, do trabalho de Reinaldo Azevedo.
O jornalista integrante da Revista Veja, é, para mim, quase que a tradução clara, concisa e elegante, de praticamente tudo que penso. Mas não possuo o talento do ídolo, infelizmente.
Assim, espero que encarem como uma homenagem, e não tentativa de plágio ou roubo de estilo, porque eu jamais o faria. Reinaldo Azevedo, para mim, é Rei! E que assim permaneça, mas hoje, eu preciso usar o estilo dele de “azulzinho e vermelhinho”, para comentar a tragicomédia que a amiga Vânia Santana me apresentou, pelo twitter. Em preto, o texto original que me foi apresentado. Em vermelho, minhas observações.
Comento, então, o mais novo absurdo vermelho a circular pelas Redes Sociais. Como o absurdo é vermelho, usarei a mesma cor para destacar meus comentários, que serão feitos ao longo do texto de autoria deles, que colei abaixo, na íntegra e sem edições.
"Abaixo-assinado Plebiscito pelo Impeachment do Governador Geraldo Alckmin
Para:Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, Tribunal de Justiça do Governo do Estado de São Paulo, Ministério Público de São Paulo
Começando pelo cabeçalho! Ruim, mas não posso pegar pesado aqui, se não, não sobra para o resto, que é muito melhor!
Nós, cidadãos paulistas, representados no Governo do Estado de São Paulo pelo Sr. Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho, pedimos à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo pela realização urgente de um plebiscito que decida pelo impeachment do governador.
“Plebiscito que DECIDA PELO IMPEACHMENT do Governador” ...engraçado! Na minha terra, plebiscito era para decidir pela vontade da maioria, que escolhe dentre as opções propostas. Mas não vinha com a ordem implícita do autor do pedido!
Embora 50,63% dos cidadãos paulistas tenham acreditado que o Sr. Alckmin tivesse capacidade de retornar ao governo para este atual mandato - seu terceiro no governo em uma década -, o que se sucedeu da tomada da posse foi a continuidade do recrudescimento das atitudes não democráticas, autoritárias e corruptas, que já vinham sendo construídas desde seus primeiros mandatos no governo, e que cresceu com seu antecessor (e sucessor do seu segundo mandato), o Sr. José Serra.
Este segundo parágrafo é uma de minhas partes favoritas, porque eu adoro gente sem nexo! Observemos: “seu terceiro (mandato) em uma década”. Observar o quê? Além de que a pessoa que redigiu o pleito, no mínimo, não sabe contar até três, porque, como provo pela cronologia copiada do site OFICIAL do Governo do Estado (não, não pode mentir), Geraldo Alckmin exerce seu segundo mandato como governador
1972 - Eleito vereador em Pindamonhangaba
1976 - Eleito prefeito de Pindamonhangaba
1982 - Eleito deputado estadual (PMDB)
1986 - Eleito deputado federal
1988 - Filia-se ao PSDB
1990 - Reeleito deputado federal
1994 - Eleito vice-governador na chapa de Mário Covas (PSDB)
1998 - Reeleito vice-governador
2001 - Em 6 de março, com a morte de Covas, assume o governo de São Paulo
2002 - Eleito governador de São Paulo
2008- Assume a Secretaria de Desenvolvimento do governo paulista
2010 - Eleito governador de São Paulo
Ainda em seus primeiros mandatos, no início dos anos 2000, escândalos envolvendo a Nossa Caixa, então pertencente ao Governo do Estado de São Paulo, foram abafados e jamais esclarecidos. Cerca de 30 milhões de reais em contratos de publicidade caducos foram desviados em esquemas de favorecimento para a base aliada do governador.
“início dos anos 2000”, mais conhecido como: o mandato era de Mário Covas que FALECEU! Ele era vice. Assumiu o final do mandato do titular e foi eleito na eleição seguinte. Mau sinal?
Você está direcionando uma petição para órgãos do Poder Público. Entenda que este tipo de acusação, para valer em QUALQUER processo jurídico, precisa ser provada. Provou? Não? Então, você, que entrou com a Petição, pode ser processado por calúnia. Teve sorte porque o PSDB é bonziiiiinho que só!
No segundo mandato, em contratos para o metrô da cidade de São Paulo envolvendo a Eletropaulo, a Alstom teria dado em propinas para a base do governo ao menos 40 milhões de reais em esquemas de favorecimentos. Não só bastasse isso, descobriu-se que licitações - envolvendo bilhões de reais - das linhas Amarela e Lilás foram falsas, já que já se sabia dentro do governo quem seriam os "vencedores".
Não vou comentar esta parte, porque o mesmo se aplica aqui. Provou?
Adoro “teria dado”, “ao menos 40 milhões”...é tudo tão preciso, não? Fica parecendo que quem acusa, realmente, não tem muitas certezas.
Deputados estaduais da oposição tentaram criar várias CPIs para investigar não só estes casos, como inúmeros outros. Abusando do poder executivo e indo contra a Constituição, o Sr. Alckmin barrou a criação de quase todas. Seu sucessor de então, o Sr. Serra, conseguiu que sua base parlamentar na Assembleia Legislativa criasse, por lei, mecanismos que dificultam a criação de CPIs.
Este parágrafo é tão hilário que a cada vez que leio e tento comentar, eu tenho um acesso de riso e acabo me perdendo, entrando em “looping”, porque tenho que ler de novo, e rio de novo, e perco de novo...
Eu gostaria de fazer alguma idéia de qual mecanismo criado por José Serra impede a criação de CPI’s. Havendo denúncia válida, não há motivos legais que impeçam a criação. De onde vocês tiraram isso? Aqui, novamente, reina a ignorância vermelha que acredita em mentiras que de tantas vezes contadas, viraram verdades para esses pobres frágeis.
Agora, em seu terceiro mandato, o Sr. Alckmin incorporou a postura violenta do Sr. Serra e aprendeu a fazer o uso extremo da força policial a seu dispor. Numa grave sequência de atitudes intransigentes e que ferem inúmeros princípios da Constituição Brasileira, dos Direitos Humanos e da liberdade de imprensa - pra falar no mínimo -, o Sr. Alckmin protagonizou a guerra contra os estudantes da Universidade de São Paulo, contra o bairro da Luz, na cidade de São Paulo, e contra a ocupação Pinheirinho, em São José dos Campos. Em todos esses casos, seus representantes, os pliciais militares, não estavam com as devidas identificações e, quando puderam, confiscaram câmeras e celulares que estavam registrando as ações.
Em primeiro lugar eu quero dizer que o texto é pelego porque só a repetição dos termos utilizados já denuncia. “intransigência e insensibilidade social” é a alegação do PT, do senhor Gilberto Carvalho (aqueeele, mocinho inocente) e dos pobres enganados pela ideologia viúva de Woodstock, de que amor livre, drogas livres e terrenos invadidos livres são a maior manifestação do socialismo, que é o maior “remédio” contra o capitalismo destruidor que acabou até com a água em Marte, segundo boatos!
Em segundo e honroso lugar, vem a constatação e a ignorância maior do texto, o ápice, o apogeu: a Petição é direcionada ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, o mesmo que expediu a ordem de reintegração de posse do caso Pinheirinho, cumprida, como manda a LEI, pela polícia Militar do Estado! Ao contrário do histórico de confrontos entre polícias de outros Estados e os Movimentos dos Sem Terra, DESTA VEZ, não houve mortos!
Terceiro lugar: O bairro da Luz foi cenário de uma ação policial novamente apoiada pela população, sem mortos. Todos reclamam da cracolândia, mas quando o lugar é ocupado, a polícia é intransigente.
Em quarto lugar, os estudantes da USP PEDIRAM a polícia no Campus, que sempre foi conhecido como violento, por ser escuro, muito arborizado e muito espaçoso. Pedem a polícia para evitar estupros, assaltos, furtos e demais crimes, mas querem o “DIREITO” de fumar maconha no Campus? E é o governador quem tem atitudes que ferem inúmeros princípios da Constituição Brasileira? Maconha não é legal, tá? Então, não pode fumar em território nacional!
As maiores mídias do estado e do país não só noticiaram os fatos com extrema parcialidade, como houve exemplos absurdos de adulteração das informações. Graças a equipamentos milagrosamente não confiscados e graças a relatos de pessoas que estiveram nesses locais, tivemos acesso às verdades e aos interesses por trás das ações.
Fotos retiradas de blogs, vídeos montados com imagens antigas e similares, não são “verdades”. As maiores mídias do Estado e do País foram parciais, sim, para o lado dos pelegos como vocês, noticiando que foi massacre e até mentindo sobre supostos mortos. Parcialidade para quem? Em prol do governador eu não vi.
No caso da Universidade de São Paulo, o Sr. Alckmin está colhendo os frutos que plantou no início dos anos 2000, quando resolveu por dar início a uma paulatina redução orçamentária da Universidade, que intensificou seu sucateamento e evidentemente obrigou a diminuição da Guarda Universitária, dando respaldo à entrada da Polícia Militar no campus da capital. Uma vez dentro, a Polícia Militar do Estado de São Paulo passa a ter plenos poderes coercitivos necessários à proteção de um governo que sabe que está agindo a plenos poderes não democráticos.
O Campus da USP é violento desde que meu irmão mais velho entrou lá pela primeira vez, em meados de 1986. As barbaridades que ocorrem no CRUSP são conhecidas pela maioria dos habitantes da cidade desde que eu era muito pequena. O uso abusivo de drogas, álcool, festas que danificam o patrimônio público, além dos crimes já citados, sempre foram assunto, a ponto de pessoas evitarem o período noturno de estudo, para não circularem pelo Campus escuro. Culpa do Alckmin? E onde não é democrático? Grande parte da população apoia e apoiou a ação da polícia. Isso não é Democracia?
Nos casos dos bairros da Luz, na capital, e de Pinheirinho, em São José dos Campos, as ações foram puramente por interesses imobiliários-especulativos que envolvem aliados de peso. As ações - todas bem registradas apesar das investidas contra - estão sendo analisadas por comissões nacionais e internacionais, por ferirem princípios básicos da vida e da democracia.
Se vocês se referem ao fato do terreno da comunidade do Pinheirinho ter pertencido à falida empresa de Naji Nahas, como eu acabei de dizer: FALIDA EMPRESA! Então, o terreno será utilizado para pagar credores. Qualquer estudante de nível médio pode saber disso.
No bairro da Luz, o problema era simples: CRACK, amigos! Simples! Ponto de venda, troca, consumo....tem que ocupar!
E como TODOS já elucidaram, o Governo Federal poderia ter impedido a reintegração de posse no caso Pinheirinho.
Diante disso, do que é que vocês estão falando???
Pessoas estão morrendo e a mídia não está noticiando.
Sim, óbvio! Todos os dias! Morre uma série de pessoas, todos os dias, no Brasil todo. Fato que a mídia não consegue noticiar todas! Mas você pode começar a acompanhar os obituários dos jornais. Lá tem bastante informação, também! Às vezes, não é porque não repercute que a mídia ignora. Os obituários dos jornais maiores costumam ser mais vastos.
Este governo do Sr. Alckmin não nos representa.
Imagino que não, realmente, afinal, o governador é bastante equilibrado e tecnicamente muito competente. Provavelmente não os representa, diante do que podemos perceber sobre vossas ideologias, de acordo com a Petição publicada.
Pedimos, já, por um plebiscito que decida pelo impeachment do governador Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho. A democracia tem que voltar ao estado de São Paulo.
Se vocês querem democracia para o Estado de São Paulo, que tal sugerir um plebiscito que OFEREÇA o impeachment, e não que DECIDA por ele?
Os signatários
Aqui eu finalizo, dizendo que não me dei ao trabalho de colar os signatários, porque eu não quero dores de cabeça como as que tentam impetrar na cabeça do Reinaldo Azevedo. Ele leva na boa, eu ainda preciso treinar muito!
Como última observação, gostaria que o leitor prestasse atenção aos erros gramaticais! São divertidíssimos!
Eu, como fã que sou, pedi ao Reinaldo que escrevesse um post a respeito. Ele o faria com fatos e fotos, coisa que não consigo fazer, porque a pesquisa durante a confecção do post me atrapalha. Tenho que fazer antes. Dessa vez, fico devendo! E torcendo, para que “Tio Rei” atenda ao meu pedido!
Antes indignada, agora risonha,
Filhinha de Papai