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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Minha nota de repúdio ao segundo Carnaval do Brasil no mesmo ano


Eu comecei este post enquanto falava com uma amiga, pelo telefone. Quando dei a ela o título, ela ficou confusa, achando que eu ia falar realmente sobre algum absurdo retardatário do excessivo Carnaval brasileiro. Para consolidar meu post já pronto na mente, brinquei de “charada” com ela e, em vez de responder, perguntei “O que os seus filtros de internet estão detectando de mais polêmico nos últimos três dias?”. Ela respondeu: “Ah! Yoani é o Carnaval?”. Sim, amiga! Não ela, mas o vício do brasileiro em perder tempo e não saber estabelecer prioridades! Brasileiro gosta de onda! Entrou em mais uma! Não importa de que lado, onda é o prazer!

Claro que eu estou preocupadíssima com a falta de liberdade de expressão no Brasil! Claro que eu estou assombrada pela quantidade de “não pode dizer isso” que ando ouvindo por aí, como JAMAIS antes! Claro que estou com MEDO (pouco, mas estou), sim, porque também recebi ameaças (sérias ou não, mas telefone anda um espetáculo!)! Com tudo isso, a falta de liberdade de expressão em CUBA, desculpem, não anda me interessando muito! Para conseguir me preocupar com a falta em Cuba, eu precisaria estar em situação de abundância no Brasil. Não me parece o caso, né?

Cuba não nos afeta como afeta o Senado Federal brasileiro! Cuba não nos afeta como afeta a Câmara Federal de Deputados, no Brasil. Cuba, os Castro e seu regime ditatorial, bem como Yoani Sanchez, só têm possibilidade de nos atingir em um lugar do Brasil: o Itamaraty. Além de serem assuntos de predileção do atual governo. De resto, nada!

Yoani Sanchez declarou que se encanta com a “Democracia” brasileira! Não tenho raiva da moça, problemas com ela ou coisa parecida. Nada! Nada é o que ela representa, inclusive, de benefício ou malefício em minha brasileira vida, essa sim, CENSURADA! Se ela gostou tanto da Democracia brasileira, que permite que os comunistas tentem agredi-la, convido a moça para uma cobertura jornalística, no Brasil, de UMA denúncia de corrupção, sólida, relacionada à indústria farmacêutica brasileira, por exemplo. Tenho certeza que se Yoani foi sincera quando disse que gostou da Democracia, vai mudar de idéia quando pensar na NOSSA liberdade de expressão!

E eis que para gerar minha nota de repúdio, vem o “gran finale” do que considero uma lambança conjunta entre povo desenganado, imprensa censurada ou vendida e políticos falhos: nossos políticos da “oposição”, atualmente conhecidos como...nada! Não são conhecidos pela grande maioria por nada de marcante, resolvem, depois de terem ficado contemplando com olhares paspalhos, ou um discursinho fraquinho aqui e ali, as posses dos criminosos Renan Calheiros e Henrique Alves. A “situação” tomou TODOS os cargos que poderiam produzir alguma mudança positiva em nossas difíceis vidas e se a “oposição” votou igual, calada e sem UM único movimento para impedir, se opôs?? Baseada nas definições da Ciência Política, como as de Norberto Bóbio, por exemplo, para o termo “oposição”, sou obrigada a concluir que se aconteceu assim, não há oposição. Estão todos de acordo porque o Brasil vai muito bem!

Oi?? Bem para quem? Ou as pessoas só mentem para mim quando dizem que sofrem e eu estou, na realidade, sofrendo sozinha, ou tem alguma peça desencaixada nesse negócio!
Oposição deveria surgir e agir quando algo praticado pelo governo não está de acordo com a vontade comum da nação ou com o plano de governo apresentado? Se é isso, então, não existe de maneira concreta, uma vez que só existem manifestações de oposição ao que pratica o atual governo, espalhadas pela internet. Em votação, por eles no momento, não tem. Mas tem filminho com Yoani Sanchez! Ah! Isso tem, sim senhor!

REPUDIO a atitude, ou falta de, daqueles que chamamos de “opositores” em perder seu tempo, a casa do povo e toda a parafernália envolvida, para se mostrarem bons moços que deixam uma reprimida cubana falar e assistir a um filme! ISSO é oposição ao governo, para vocês? Por acaso a Dilma impediu Yoani de entrar aqui? Ou ela foi agredida por MANIFESTANTES? Querem fazer cafuné na Yoani? Acho válido! Mas que tal deixar isso para o Itamaraty? E mesmo nessa hora, de defender como se cavaleiros e Yoani uma pobre donzela de contos de fadas, a liberdade de expressão de uma blogueira cubana que não resolve problemas brasileiros, nem defendendo a democracia de papel que vocês construíram, vocês também estavam de mãos dadas com os integrantes da chamada “situação”.
VOCÊS, opositores, vão usar aquela desculpa esfarrapada de que estão sem poder porque o povo fez isso com vocês? Tem uma parte correta nisso, mas se VOCÊS, eleitos, que ganham todas as condições para desempenharem vosso papel de representantes do povo nas Casas, acham que se opor a um governo é ficar fazendo poesia reacionária (socialista, comunista, anarquista, liberalista ou tanto faz) como se estivéssemos em 1969 novamente, sem moverem um dedo mindinho para resolverem a VERGONHOSA situação da imprensa BRASILEIRA? E ainda dando assunto inútil aos poucos que costumavam se empenhar em cobrar de vocês?

Vão refletir sobre prioridades, rapazes! Todos! Eu mesma, inclusive! Posso estar errada por aqui, mas, em minha, aqui sim, humilde opinião (aqui serei humilde, sim, porque não sou especialista em Ciências Políticas), vocês estão trocando a ordem dos fatores, e nesse caso, está alterando o produto para bem pior!

É mundialmente conhecida a importância de uma imprensa LIVRE, ÉTICA e que consiga SOBREVIVER, para que um país, hoje em dia, tenha, realmente, liberdade de ESCOLHA! Aqui, expressar o povo ainda pode! Falar mal pode! Só não pode provar! Não pode investigar e não pode prender! De resto...tranquilo!
REPUDIO o atribulado Poder Legislativo se empenhando em fazer gentileza para estrangeiro para poder contar por aí que o Brasil é o país do futuro bom!

DESESPERO! Peço desculpas ao leitor se causar sentimentos negativos em função de minha própria amargura! Mas quando você não produz mais por ineficiência de serviços caros, não consegue mais comprar um medicamento porque não há no mercado, não consegue marcar uma consulta com um profissional que, cobrando duzentos e cinquenta reais por hora, ainda pede dois meses antes de te atender para verificar um problema comum, mas meio urgente, começa a trabalhar, liga a TV (que faz parte) e o que enxerga são seus líderes, que VOCÊ ELEGEU (sim, eu ajudei a eleger Otávio Leite, por exemplo, que chamou Yoani para a Casa) adulando a blogueira e você que votou e paga imposto aqui, está nessa situação? Só o desespero define minha sensação a cada foto que vejo por todos os lados do “gesto bonito e heróico” dos opositores, para com Yoani.
E eu? A mim, que estou aqui com essas decepções e tenho que considerar que vivo muito bem e sou privilegiada, porque a maioria do brasileiro está em situação mais perigosa para a própria saúde do que eu? Quem defende? Quem protege? Quem representa?

Fidel?

Enojada,

Filhinha de Papai

PS.: E chega desse assunto porque eu mesma imploro que não gastemos mais neurônio com isso! Não escrevo mais UMA linha a respeito! Prometo!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Amores...mas divórcio, eu imploro!

Tive um punhado de casos amorosos pela minha vida.
O primeiro, provavelmente devo ter desenvolvido pela minha mãe, ainda no ventre dela. A que me criou a vida toda é a mesma que me carregou por uns meses (ela não sabe quantos, os médicos também não...Eu é que não tenho como saber se eu não fui fruto de uma gestação "de girafa" ou "de gata"). Com todos os percalços das relações, eu até continuo apaixonada por ela hoje!
Lembro-me nitidamente de centenas de momentos em que estive apaixonadíssima por meu saudoso pai. Também por meus irmãos! Além de toda minha "família de escolha", que são pessoas com as quais eu não compartilho semelhanças no DNA, mas que são outras 4 figuras que eu amo desde que sei que existo! São duas mães adicionais à biológica, mais uma irmã e um irmão. Já são 8 relações amorosas logo cedo!

Todo mundo sabe (sem que eu precise contar) que nenhum dos meus 8 primeiros casos de amor foi pacífico durante 100% do tempo que durou ou dura o convívio! O amor não te impede de ter diferenças, às vezes insolúveis, em relação a outras pessoas. Você não passa a pensar de forma semelhante a outro porque ama aquela pessoa. Você ama e sabe que todas as pessoas do mundo vão fazer uma série de coisas com as quais você não vai concordar. Corriqueiro.
Amor também não garante que você consiga conviver intensamente com alguém! Nessa parte, entram em cena uma série de outros sentimentos. Alguns deles podem até impedir que você consiga ficar muito próximo de outrem, sem que se sinta mal. Há amores e amores, relações e relações. Nem o arroz é igual em todos os lugares, para todas as pessoas!

Claro que eu não vim aqui para falar de amor romântico! Claro que a Filhinha aqui continua preferindo papo de reclamação da sociedade atual. Mas o nono amor da minha vida, era o meu país. MEU! Sim! MEU! Chamei de "meu"! Mas chamava de meu! Jamais senti que fosse meu por direito de propriedade, mas sim por ter feito de mim o que sou, em parte.
"Ex-meu" país! Igualzinho aos homens com quem me relacionei amorosamente depois de adulta e não me relaciono mais. Não costumamos falar dessas pessoas como "meu ex-namorado", "meu ex-marido"? Então! Só que, quando o amor é o "natural", aquele que esperamos sentir por familiares, por exemplo, é preciso trocar os termos de lugar para ficar mais sensato. Porque dizem que não existe "ex-mãe", "ex-pai", essas coisas. Correto? Não há de ficar bom se eu usar "meu ex-país". É mesma linha da mãe e do pai.

Quando eu não amo mais ou não posso mais me relacionar com esses tipos, se não existe mais o vínculo voluntário, mas não existe o "ex" que se aplique a eles, acho que fica meio rígido, meio dogmático, apenas respeitar a não existência do "ex". Troquei de lugar, para ficar do jeito da minha cabeça.
Se eu não amo mais ou não posso mais me relacionar com algum desses tipos, não quero reconhecer como "meu" nada! Mas não deixou de ser o que era com os 9. O namorado deixou de ser namorado. A mãe não deixou de ser mãe. Nem o país, nem o irmão.
Digo que é, então, "ex-meu"! E ficou estranho, mas ficou claríssimo para o que sinto!

Cansei, Brasil! Jamais deixarei de ser brasileira, mas você não é mais meu! Não te amo mais, mas, principalmente, estou ADOECENDO de desgosto, convivendo com você! Seria muito mais saudável e construtivo para mim, parar de conviver com você e seus novos valores!


Fico mais triste ainda por outro motivo: de todos os amores da minha vida onde entrou o termo "ex", mesmo você sendo "ex-meu país" no meu coração cansado de assistir a você se destruindo, você é o único dos amores dos quais eu preciso de DINHEIRO para me livrar e não consigo!

Sinceramente? Gostaria que você, Brasil, me concedesse um divórcio indenizado. Você me paga, me liberta, eu sumo das suas vistas, mas paro de falar mal de você e de reclamar! Prometo! E mais: JURO que jamais amarei a outro, jamais outro país será chamado novamente por mim de apenas "meu"!
Um dia, há aproximados 14 anos, saiba que eu, imensa de orgulho, enchi a boca para dizer que eu ia voltar para você e para te chamar de "meu", para ingleses, húngaros, austríacos, tchecos ou qualquer outro cidadão de qualquer outro país que tivesse interesse em perguntar. Eu não queria o divórcio! Eu queria esse orgulho de volta! Mas isso você não vai mais me dar nessa vida!

Arrasada pelo fim definitivo do caso com o nono amor,

Filhinha de Papai


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A guerra inútil que contamina mais que vírus da gripe! Coisa desnecessária!


Mais uma coluna sobre as rivalidades idiotas entre o povo brasileiro. Mais uma “guerra do bairrismo” no meu Facebook...e nada, NADA muda, nesse sentido, pelas ruas e pelas redes brasileiras.

Minha mãe sabe que acabei ficando com um pouco de “raiva dos cariocas”, depois que vim morar no Rio de Janeiro. Ri muito, fazendo piadas de minha situação, porque, coincidentemente ou não, quando em São Paulo, eu cheguei a ganhar o apelido de “rainha dos cariocas”, tantos eram os presentes em minha vida de forma sempre boa.

Mas o Brasil é um paisinho triste nesse sentido! Dificilmente alguém que, depois de “velho”, muda sua residência para um Estado vizinho, ou região diferente, consegue se sentir “em casa”. O brasileiro é tomado por preconceitos! Disso nós herdamos muito! O brasileiro consegue sofrer mais preconceito dentro de casa do que em outro país!

Mamãe, sabida de minha situação, havia lido (e eu não) no jornal “Folha de São Paulo” impresso, o que eu rapidamente achei na versão online. Uma coluna de Antonio Prata, sobre “paulistas x cariocas’. Li, ri, e achei de colar no meu mural do Facebook, porque eu me identifiquei com aquilo. Pronto! Mais uma polêmica e mágoas de lá e cá!

O texto de Antonio Prata, colo aqui:
“06/02/2013 - 03h00
Cliente paulista, garçom carioca
DE SÃO PAULO
Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico "pas de deux": sentado, ao fundo do restaurante, o cliente paulista acena, assovia, agita os braços num agônico polichinelo; encostado à parede, marmóreo e impassível, o garçom carioca o ignora com redobrada atenção. O paulista estrebucha: "Amigô?!", "Chefê?!", "Parceirô?!"; o garçom boceja, tira um fiapo do ombro, olha pro lustre.
Eu disse "cliente paulista", percebo a redundância: o paulista é sempre cliente. Sem querer estereo-tipar, mas já estereotipando: trata-se de um ser cujas interações sociais terminam, 99% das vezes, diante da pergunta "débito ou crédito?". Um ser que tem o "direito do consumidor" em tão alta conta que quase transformou um de seus maiores prosélitos em prefeito da capital. Como pode ele entender que o fato de estar pagando não garantirá a atenção do garçom carioca? Como pode o ignóbil paulista, nascido e criado na crua batalha entre burgueses e proletários, compreender o discreto charme da aristocracia?
Sim, meu caro paulista: o garçom carioca é antes de tudo um nobre. Um antigo membro da corte que esconde, por trás da carapinha entediada, do descaso e da gravata borboleta, saudades do imperador. Faz sentido. Para onde você acha que foram os condes, duques e viscondes no dia 16 de novembro de 1889 pela manhã? Voltaram a Portugal? Fugiram pros Açores? Fundaram um reino minúsculo, espécie de Liechtenstein ultramarino, lá pros lados de Nova Iguaçu? Nada disso: arrumaram emprego no Bar Lagoa e no Villarino, no Jobi e no Nova Capela, no Braseiro e no Fiorentina.
O pobre paulista, com sua ainda mais pobre visão hierárquica do mundo, imagina que os aristocratas ressentiram-se com a nova posição. De maneira nenhuma, pois se deixaram de bajular os príncipes e princesas do século 19, passaram a servir reis e rainhas do 20: levaram gim tônicas para Vinicius e caipirinhas para Sinatra, uísques para Tom e leites para Nelson, receberam gordas gorjetas de Orson Welles e autógrafos de Rockfeller; ainda hoje falam de futebol com Roberto Carlos e ouvem conselhos de João Gilberto. Continuam tão nobres quanto sempre foram, seu orgulho permanece intacto.
Até que chega esse paulista, esse homem bidimensional e sem poesia, de camisa polo, meia soquete e sapatênis, achando que o jacarezinho de sua Lacoste é um crachá universal, capaz de abrir todas as portas. Ah, paulishhhhta otááário, nenhum emblema preencherá o vazio que carregas no peito -pensa o garçom, antes de conduzi-lo à última mesa do restaurante, a caminho do banheiro, e ali esquecê-lo para todo o sempre.
Veja, veja como ele se debate, como se debaterá amanhã, depois de amanhã e até a Quarta-Feira de Cinzas, maldizendo a Guanabara, saudoso das várzeas do Tietê, onde a desigualdade é tão mais organizada: "Amigô, o bife era mal passado!", "Chefê, a caipirinha de saquê era sem açúcar!", "Ô, companheirô, faz meia hora que eu cheguei, dava pra ver um cardápio?!". Acalme-se, conterrâneo. Acostume-se com sua existência plebeia. O garçom carioca não está aí para servi-lo, você é que foi ao restaurante para homenageá-lo. E quer saber? Ele tem toda a razão.
antonioprata.folha@uol.com.br
@antonioprata”


No meu mural, amigos paulistas concordando que sofrem com o serviço no Rio, ou dizendo que vieram ao Rio e o serviço está ótimo, ou compartilhando sem dizer muito, ou o comentário mais frequente: eu reclamo demais, eu reclamo “de barriga cheia”. Normal. Mas teve também o amigo que compartilhou acusando o paulista de praticar “Apartheid social” no Rio de Janeiro, e ser maltratado por isso.
Ahhh!! Então, quando ele postou assim, o dele explodiu! Uma série de “curtidas” (todas, de cariocas), comentários de que o garçom é nobre mesmo (ou atende mal), ou que o paulistano é nojento mesmo...e por aí foi! O que não aconteceu, em momento algum, foi alguém admitir que TODOS têm culpa pelo desconforto de TODOS! Incluindo eu mesma!

Minha culpa não é por ter destratado alguém por conta de origem um dia na vida, não! Mas eu também tenho lá meus preconceitos! Ah, se tenho! E se irritada, consigo dizer horrores e ser muito preconceituosa! Mas eu percebi que, pelo menos comigo, a “guerra” aflora apenas quando estou com raiva, quando me sinto agredida! E não agredir não é a melhor forma de evitar ser agredido (não impede, mas diminui!)? Comigo funcionou! Agrido menos, escuto menos!

Mas eu vi vários lados de uma mesma moeda. Nascida na capital do Estado de São Paulo, minha família era toda diferente. Meus pais e irmãos eram do interior do Estado. Só eu era nascida e criada na capital. Vi, nos meus meios em São Paulo, preconceito besta de paulistano contra nordestino. Achava triste! Mas vi, sim! Não vou mentir nem “puxar a brasa para minha sardinha”. Eu mesma me peguei pensando, várias vezes, quando vi agressões contra a cidade, como patrimônio público depredado ou gente jogando lixo na rua, de maneira preconceituosíssima, como “isso foi feito por gente que não nasceu aqui! Quem nasce aqui como eu não é capaz, no meio de tanto amor pela cidade, de maltratar dessa forma!”. E onde é que o pensamento estava errado? Na palavrinha “eu”! Eu sou eu! E não posso, absolutamente, parametrizar nem o amor, nem a educação dos outros, pelo que eu tenho e uso! Muitas vezes, obviamente, as tristezas que eu via eram produzidas por paulistanos, da gema, da clara e do ovo todinho, sim! E eu fui aprendendo devagar.

Para entrar na fase final como em todo aprendizado, essa é a mais difícil que eu venho vivendo e não há previsão de término! Hoje eu virei “alvo”. E se antes eu podia aprender vendo o que não gostava que os OUTROS fizessem com os OUTROS, hoje eu fico triste por aquilo que os outros fazem é comigo! Sou humana, pequenina como a maioria de nós, então, doeu em mim, dessa vez doeu mais!
Há seis belos anos eu aceitei o convite do homem que é o amor da minha vida, e carioca, para largar a minha atribulada vida em São Paulo e as pontes aéreas e rodoviárias de todos os finais de semana de nosso namoro, e vir viver com ele no Rio de Janeiro.

De todas as guerras “bairristas” brasileiras, a mais famosa, acentuada e incômoda, é a produzida por paulistas e cariocas. Mais precisamente, paulistANOS e cariocas. Os interiores dos dois Estados são um pouco mais “neutros” nessa guerra.

Meu amigo que compartilhou o texto no Facebook dele e obteve as curtidas dos cariocas, é um ex-morador da capital de São Paulo, onde nos conhecemos e nossa grande amizade nasceu! Sou obrigada a discordar do maior argumento que ele costuma utilizar nessas discussões: ele pode ter sofrido muito pela falta da praia, pelos horários diferentes, pelo estilo de vida diferente, por ter que se locomover por distâncias maiores e mais congestionadas...mas eu acompanhei muito de perto todos os anos que este meu amigo morou em São Paulo, com todo seu acentuado sotaque carioca. Afirmo com propriedade: ele JAMAIS sofreu, em São Paulo, alguns tipos de agressão que eu vivo e venho vivendo com meu acentuado sotaque paulistano, no Rio de Janeiro. Não porque o paulistano ou o carioca sejam melhores ou mais “educados”, não! Apenas uma questão de diferença comportamental, generalizando, dos habitantes de uma cidade ou da outra. O meu amigo, quando em São Paulo, falava mal dos paulistanos e de São Paulo em TODAS as oportunidades que encontrava, mas jamais conseguiu uma briga, discussão, ou alguém que levantasse a voz para ele em defesa do povo ou território que ele fazia questão de atacar. Enquanto a contrapartida, eu no Rio de Janeiro, é bem diferente! Por uma questão de “tradição dos hábitos”, basta que alguém com um pouco mais de raiva da situação dessa guerra ridícula, que seja carioca e reconheça meu sotaque, enxergar em mim sua própria raiva personificada e eu escuto a clássica, frequentemente: “Não SUPORRRRTO paulista!”. De TODAS as vezes, mesmo com meu jeitinho briguento, eu estava cordial e inocente em TODAS! Mereci?

Mereci! Sou brasileira, imbecil também e estou atolada nessa guerra imbecil até o pescoço! Se eu pensei aquela bobagem que escrevi acima um dia na vida, hoje eu mereci ser maltratada por abrir a boca exibindo apenas um sotaque característico de algum lugar!

Senhor Luiz, meu amigo nascido num Estado do nordeste, comentou comigo na portaria do prédio, num dia desses: “Ninguém gosta de nordestino”. Respondi a ele, rindo: “Sr. Luiz! Hoje o senhor está até melhor que eu! Se até ontem eu pensava que ninguém gostava de nordestino, hoje eu percebo que ninguém gosta é de PAULISTA, isso sim!” e continuei rindo. Ele concordou enfaticamente! Disse que eu tinha razão! De paulista é que ninguém gosta, mesmo!

Então, diz o meu amigo já citado que o paulistano não gosta dos outros, que é arrogante, que se acha superior. Será que ele está errado? O que eu via era o paulistano ignorando as origens das pessoas, ou apontando quem era “forasteiro”?  Não era com carioca? Mas acontecia? Eu vi muita coisa diferente disso?

Resultado é que ninguém tem defesa! E eu, que não atacava, sofri ataques por traumas causados e carregados por outras pessoas, até que acabei tendo crises de ataques também. A corrente do ódio é um vírus potente! Contagia demais! Só se parte com reflexão profunda, ou sofrimento! Triste de novo!

Vamos reagir, brasileiro! Nosso inimigo é o mal, o crime, a destruição do que temos de mais humano! Não o sotaque, a origem, o cabelo ou a pele do vizinho de mesa de bar! Portugal se foi, os demais países também! Sobramos nós, um de cada tipo, mas brasileiros somente! Com os mesmos problemas e mágoas, quase todos!

Com solidariedade brasileira,

Filhinha de Papai

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Carnaval, festa das liberdades, o ser humano massacrado indo à forra!


Passou! Passou o Carnaval! A vida deveria “voltar ao normal”, ou “o ano começar de verdade” a partir de hoje. Mas em alguns lugares ainda dá para esperar mais um bocadinho! A próxima segunda-feira, na verdade, constitui o início de tudo para todos, mesmo! E por que será que temos a impressão de que a cada dia o Carnaval “dura” mais?

Eis que dia desses eu leio no Facebook que as pessoas anseiam tanto por feriados porque necessitam fugir de suas vidas. É! Se todo mundo tivesse um emprego feliz, um cotidiano sem aborrecimento em demasia, relações pessoais tranquilas e pacíficas...seria tão grande esse desespero todo por um feriado?

E o fato de uma festa profana, associada ao pecado e às tentações da carne, ser sucesso até entre a mais “carola” das católicas até a mais “crente” entre as evangélicas? Normal?

Normal! Se for mundo atual, humanidade massacrada por problemas e mais problemas e as vidas precisando, em geral, de fuga intensa!

O que eu não acho muito normal é ouvir a reclamação geral, pelos excessos cometidos durante o grande e quase interminável Carnaval. Ainda mais o carioca, que, pela impressão que tive visualmente, deve ter batido, novamente, mais uns 8 recordes associados às quantidades (de foliões na rua, de dias de brincadeira, de público no Brasil todo e por aí vai...)! Se o objetivo é, justamente, todo mundo “afrouxar os valores” e “brincar sem culpa” durante todos esses dias, todo mundo achou que brincar era só cantar marchinha na rua? Ai! Chegou a hora do “faz-me rir!”!

Não pensem todos que vou me excluir dos que cometem excessos no Carnaval, não! Eu também cometo os meus! Praia, por exemplo, é um programa que eu faço frequentemente no Carnaval, porque eu mesma me sinto menos invasora nessa época do ano, com a cidade tomada pelos turistas! Meu próprio “paulistês acentuado” e a brancura “atípica para uma brasileira” da pele, que me causam desconfortos durante grande parte do ano, somem das vistas de todos, durante o Carnaval da mistura permitida! No Carnaval, eu viro mais uma de fora e sou tratada como maioria. E o Carnaval tende a melhorar os humores daqueles que circulam pelas ruas. Ou exaltar as violências!

Excessos meus, frutos da minha loucura ou apenas de observação, tanto faz, ou não, fato é que a fuga da vida massacrante ocorre de maneira diferente para cada um! Para alguns, a fuga e a brincadeira incluem uma série de coisas que para outros são um absurdo inexplicável! Inexplicável para quem não compreende que cada um se excede de uma forma.

Um dia, mais jovem, minha fuga também incluía algum excesso de bebida alcoólica durante o Carnaval. Descontração e brincadeiras com amigos e festas. Hoje, mais cansada, mais velha e mais chata, circular pelas ruas já é excessivo para mim, no meio de tudo que acontece entre os demais.
Não é por isso, entretanto, que vou me esquecer que os “outros são os outros”. E são muitos outros, de maneira que uma polícia só JAMAIS vai funcionar para tanto excesso do excesso!

No feriado, vou aproveitar o dia como mais uma comum pelas praias cariocas, acompanhada do divino amigo carioca da gema. Saio da praia já tardiamente, porque sabia da existência da passagem de um dos mais tradicionais e maiores blocos que circulam por ali onde eu estava aproveitando o mar, e se eu saísse da praia na hora da passagem do bloco, eu perderia umas duas horas no meio da multidão, tentando passar. O sol colabora, o bloco parte às 17:30 e é possível esperar que ele passe antes de voltar para casa. Mas nem o sol espera aquele povo todo dispersar! Então, ainda fui obrigada a enfrentar um “resto” de multidão que aproveitava o bloco. O amigo, carioca da gema, se assusta: “O que é isso??? O cara ali de p...piii para fora! No meio da rua???”. Novamente, dois minutos depois, ele: “O que é isso??? O outro ali de baseado aceso no meio da rua, na cara-de-pau???”. Mais uns 4 minutos de caminhada, ele novamente: “Meu Deus!!! Mais um de baseado aceso! E olha a polícia logo ali!”....e foram mais dois baseados acesos e uma suspeita de felação (que nenhum de nós ficou observando para ter certeza) até sairmos do meio da parte mais cheia e chegarmos mais perto de conseguir um táxi de volta para casa.

Ah...os excessos de cada um! Para cada um dos momentos de espanto do meu amigo carioca que, supostamente, deveria estar “mais acostumado” do que eu, e para todas as pessoas que eu ouvi assustadas com algum tipo de comportamento alheio inconveniente ou ilegal, eu só tenho uma resposta: “Tá estranhando? É Carnaval, oras!”...

Porque é Carnaval, e dependendo da área onde você estiver, pode de tudo, ou quase tudo que se puder imaginar! Mas pode? Poder não pode, mas só saber que não pode, impede o ser humano? Ou o ser humano, pelo menos ultimamente, só respeita o “pode” ou “não pode” se for ameaçado diante de penalização pelo “não pode”? E o que eu acho um absurdo ou um excesso, é conceito comum para todos?

Não! Nada é! E no meio da vida cada vez mais complicada, corrida, massacrante e deprimente, o mesmo ser humano que se choca com os excessos alheios, se pega vivendo uma vida atípica para ele também, no meio da grande folia que usamos para fugir, de um jeito ou outro, do cotidiano infernal e inevitável!

Ninguém poupou dinheiro! Ninguém protestou pela política! Os protestos foram, quase em totalidade, individuais: cada um protestando do seu jeito, pela vida mal levada, no meio do feriado, mas tendo que sucumbir ao fato de que é fuga em massa mesmo! Daquilo que machuca, mas que tem que doer todo santo dia!

Viveremos brincando de fugir, ou brincaremos em algum momento sem necessidade de fuga?

Esperando que os índices de violência no meio da brincadeira de fuga diminuam,

Filhinha de Papai

Reclamar é uma arte que exige tempo!

Este blog é alimentado muito eventualmente. E as pessoas me perguntam o motivo disso, reclamam, criticam, dizendo que faço tudo errado! Sim, muitos têm razão!
Mas escrever por prazer é só por prazer! Isso aqui é meu e não gera receita, então, eu só admito vir quando tenho realmente necessidade de postar.
Triste é entender que a necessidade de postar é sempre mais latente em períodos de muitos e muitos e mais muitos absurdos assistidos, nem sempre de longe, mas SEMPRE de perto!

Volto já! Com muito a reclamar! De tudo, de todos, do mundo! O que os dedos conseguirem de reclamação sem bolhas!

Feliz sempre, mas bradando por melhora sempre,

Filhinha de Papai