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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Quem é elite, mesmo, "cara-pálida"?



Esquerda? Direita? Centro? Poder populista? Poder elitista? Progresso? Retrocesso? Bom para quem? .....

Tanta pergunta que parece extremamente útil, mas que na prática acaba se perdendo entre “ideal ou prática”.
Mesmo assim, ainda tem coisas no meio dessas perguntas todas que é mais fácil de explicar. Vamos sempre tentar começar por elas, então.

A sensacional e politizada amiga me pergunta hoje, logo nas primeiras horas da manhã, se o PSDB gosta tanto assim de “dar tiros no próprio pé”. Segundo ela, a peça de marketing televisivo gravada por Aécio Neves, o mais provável candidato à presidência da República nas eleições de 2014 por aquele que é, ou era para ser, o maior partido da oposição atual, é completamente “elitista”. Pergunta ela, então, se o PSDB não “aprendeu que tem que falar para o povão, e não para a elite?”. Hum...não sei bem, eu, se o PSDB precisa aprender ESSA lição exatamente, se quiser retomar os cargos executivos que perdeu.

Em primeiro lugar, eu gostaria de questionar o atual conceito de “elite”. O conceito continua o mesmo que conhecemos desde os primeiros livros de História da humanidade de que temos ciência. Na prática, entretanto, o que foi que virou “elite”?

“Povão assiste Globo! Assiste novela! Engole propaganda no horário nobre televisivo nacional...”...será?

Olhando de perto, não me parece tão simples assim. Mesmo que o que eu escrevi entre aspas, aí em cima, seja totalmente verdadeiro, é preciso ir um pouco mais longe, sim! Simples: onde a novela aparece, que seja a novela “global” sempre citada primeiro, aparece junto o mesmo tipo de “intervalo comercial”? Aquele momento entre a interrupção de um seguimento da novela sendo exibido pela transmissora, e o início da transmissão do seguimento seguinte, onde geralmente vemos o que chamamos de “comerciais”? É IGUAL para todos os locais, como é a novela? Não, senhores! Isso é Brasil, e cada um recebe sinal televisivo de um jeito, ainda...
O brasileiro não sabe, então, como assiste à televisão, esse tal de “povão”? Se estão se referindo realmente às classes menos privilegiadas financeiramente, é possível prever que essa classe realmente vá assistir a algo comum, no citado intervalo comercial, se estes dependem diretamente da transmissão? E se existe uma parcela gigantesca dos brasileiros ainda recebendo sinais de transmissões televisivas por antenas de captação de sinais via satélite, ficando assim sem os intervalos comerciais que só são transmitidos localmente, é possível dizer, ao menos, que vão conseguir assistir à propaganda eleitoral gratuita referente à região onde assistem à mesma? Digo com conhecimento de causa: nem sempre!

Fenômeno facilmente explicável se observarmos o Estado do Rio de Janeiro, no ano de 2012, por exemplo. Passando por eleições municipais, o Brasil, teoricamente, deveria exibir, no horário eleitoral gratuito, os candidatos aos cargos de vereador e prefeito NAQUELE município, para que o eleitor pudesse escolher. Pergunto: um eleitor do município de São Gonçalo, por exemplo, espectador televisivo graças a uma antena do tipo parabólica, assistiu aos candidatos a cargos no município de São Gonçalo, ou captou o sinal da transmissora de Nova Iguaçu? Acertou quem votou em “Nova Iguaçu”!
Eu mesma fiz pesquisas pela internet, sobre os candidatos em São Gonçalo, a pedido de pessoas conscientes politicamente, que estavam sem informação do horário eleitoral gratuito, mas buscaram onde puderam, incluindo minha ajuda.

“Ah, maluca! Mas esse problema não existe nas eleições chamadas majoritárias! Aí, todo mundo assiste a mesma coisa!”. Será? De novo?

Lamento, leitor! Mas também nas chamadas “majoritárias”, acontece o fenômeno! Porque não é apenas um problema regional, de pequenas cidades versus grandes metrópoles. A pequena, porém riquíssima, cidade onde nasceram meus pais, por exemplo, ainda não tem opção para receber sinais televisivos via cabo de fibra óptica e ainda recebem, todos (ricos ou pobres), sinais via antena. Lá, o horário eleitoral gratuito é exibido normalmente, como aqui em minha casa? Também não! São trinta minutos de silêncio absoluto, porque nada aparece no lugar!

Diante disso tudo, eu só vou perguntar mais uma coisa:

Quem é “povão” e quem é “elite’, nesse caso? E quem assiste o quê, diante disso tudo?
Analista político tem mania de olhar para o passado testado e tirar conclusões em cima de estatísticas que nem sempre são só numéricas. O “case Fenando Collor de Mello” é citado por muitos, pelo visto inspirou muita gente, mas há de se considerar que aconteceu em 1990, não em 2013! “As donas de casa elegeram Fernando Collor”, mas quem eram elas em 1990 e quem são elas em 2013? As mesmas? E “aqueles nordestinos que elegem o PT”? É isso mesmo? Alguém observou as estatísticas de voto na região nordeste atualmente para afirmar uma coisa dessa?

“Brasil, mostra a tua cara...”, hoje, também envolve “Brasil, mostra a cara da tua elite!”. Enquanto ELITE, eleitoral, não é quem tem dinheiro, não! É quem tem CREDIBILIDADE! É notório que a credibilidade também mudou de configuração, mas a ideia simplista de “tem dinheiro” ou “não tem dinheiro”, essa, definitivamente, não se aplica mais! É mais elite quem? O cidadão de classe média que ganha mais de vinte mil reais mensais de salário, mas representa um voto só na urna, ou aquele moço que não consegue ganhar mil reais num mês inteiro de trabalho remunerado, mas que possui o cargo de “líder comunitário” na região onde mora?

Ah! Você ainda acha que o PT está sozinho no poder e que isso é “culpa” do fato do Lula ser nordestino, porque o sertanejo que sofre com a seca acredita que ele vá acabar com ela? Desista, bobinho! Seu país, embora obrigue ao voto, não pune aquele sertanejo mais do que a própria seca! E aí, EU vou te garantir, porque eu já fui lá ver: se não tem água, não tem gado no pequeno pasto seco, não tem saúde para se pensar em quem pode ajudar ou não? Ele não vai largar, por mais “bolsa família”, “bolsa esmola”, “Brasil Carinhoso” ou qualquer outra “culpa” que seu preconceito quiser colocar só em cima dele, mulher doente e filhos com diarréia no casebre, para se locomover por mais de vinte quilômetros, mesmo que confortavelmente instalado no ônibus do corrupto mal intencionado, para votar no domingo!
Não vai, principalmente, mudar o resultado das urnas porque a peça de marketing de Aécio Neves a ser veiculada naquela televisão que ele não tem, foi concebida para a “elite”.
Ele também não vai sair pelo sertão dizendo a cada um dos conhecidos dele que não vai  votar no PSDB porque o partido é para “riquinhos” e não para ele.
Não vai!

Mas e  aquele “playboy”? Que ganha mais de vinte mil reais mensais mas não “vira” um voto com sua influência? ESSE, vai pensar o quê, da peça de marketing “elitista” de Aécio?  

“Elitizada”,

Filhinha de Papai